quarta-feira, 31 de março de 2010

Contos Sujos - Melodia - Parte 1


Big City nunca fora uma cidade recomendada para festividades. A tonalidade cinza da cidade, e o próprio astral que tomava conta de cada beco escuro afastava as pessoas. O cheiro podre se espalhava como um vírus, que parecia acompanhar todo tipo de sentimento ruim, alimentando gradivamente o pior do que exsistia no ser humano como a inveja, a corrupção e a violência.

Nos raros dias de descanso (feriados) quem tinha para onde fugir, se mandava da cidade. Quem nada podia fazer, tentava esquecer o quanto ostil aquele lugar era.
Eram nestas datas que o Acústic ficava lotado. A velha casa de shows em estilo vintage, relembrava épocas gloriosas da música.

Arstistas Indie, quadros e pinturas decoravam a casa que conservava em suas paredes um amarelo charmoso, resultado da falta de cuidado e do desgaste do tempo. A assinatura de Bob Dylan, grafada na parede que ficava atrás do pequeno palco era o marco de uma época e de uma geração que lutou por algo. Agora, quem estava ali, já não tinha pelo que lutar, nem para onde ir.

Nestes dias, formava-se um tradicional rodízio de artistas. Todos anônimos, mas que aproveitavam o palco aberto para apresentações de trabalhos próprios. Músicas, poesias construtivistas, manifestos inflamados e interpretações eram o principal atrativo da casa.

Quem dava as boas vidas da casa nesta noite, era o conhecido poeta do movimento sujo de BC, Byron Bilbane. Enquanto alguns ainda se acomodavam, e acomodavam seus instrumentos para as apresentações posteriores, Byron iniciou seu discurso:

-boa noite senhoras e senhoras. Como sabem, o palco hoje é aberto. Aberto não só fisicamente para aqueles que desejam aqui estar. Ele é aberto para qualquer tipo de manifestação artístistica. –enquanto Byron falava, balançava seu corpo, e levantava seus braços tentando chamar o público - Não há limites para as idéias. As palavras aqui ganham o sentido através da boca que lhes fala e de suas mentes que as processam. Não há intermediários. Por aqui, grandes já passaram. E por aqui outros ainda maiores passarão. Há tempo para errar. Há pessoas para escutar. Há uma platéia que inflama e pede por algo que possa lhe incomodar. Façam bom uso, e esperamos uma grande noite para todos aqueles que para lugar algum podem ir, para os que com niguém podem conversar, ou para aqueles que aqui tudo isso tentam encontrar.

Todos o aplaudiram. Uma movimentação teve início. Todos aqueles que tinham algo para apresentar se dirigiram para o balcão, onde seus nomes eram colocados em uma lista.

conheça mais sobre Byron Bilbane
Continua...

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