quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Contos Sujos - O Jardim dos Sonhos - Parte 5


Este conto é uma continuação da semana passada. Recomendo os links no final do texto, para você, leitor do blog, que deseja acompanhar. Se está por dentro, boa Leitura!

A chuva começou a cair. Forte. Estava difícil dirigir com tanta água caindo. Mas Billy seguiu firme no comando do carro. Ao seu lado, Japhy tenatava ver algo. Com um grande empurrão, ele anunciou que estavam perto da estrada secundária que teoricamente levava ao jardim:

-vira, vira, a entrada é ali! -disse é o mendigo, apontando alguma coisa no meio da escuridão.

Billy virou com habilidade o volante do Cadillac. Os pneus derraparam na pista. Ele tentou ver, mas não conseguiu:

-onde está? onde? Não estou vendo nada!
-você já vai ver!!!

Sem que o motorista pudesse fazer qualquer coisa, o carro começou a descer sem freio a ribanceira. A lama fazia com que o veículo patinasse rapidamente para baixo, mas ainda sim, de forma suave.

Porém, o carro subitamente parou. Pareciam ter caído em uma estrada que ficava bem a baixo do nível da rodovia principal, e por isso, era quase impossível perceber que ela estava ali. Japhy olhou para o lado e disse:

-não vai acelerar isso não?

Billy apertou o acelerador. A roda vacilou. Mas logo o carro já estava novamente em movimento. O mendigo voltou a falar:

-estamos na estrada que leva ao jardim. Ninguém sabe que isso aqui existe. Pise fundo para que o carro não atole nessa merda de chuva. Pela quantidade de água que está descendo vamos levar um pouco mais de tempo do que o normal. Quando chegarmos no portão, pare o carro do lado de fora. Não posso entrar. Mas também não vou ficar nesta porcaria de chuva.

Billy não reclamou das condições. Centrou seu olhar na pista, ou no que parecia ser a pista e pisou fundo.

Continua...

Se você não leu as três primeias partes deste conto, leia, e acompanhe até o fim desta semana
o desfecho do
Jardim dos Sonhos:

Parte 1
Parte 2
Parte 3

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Contos Sujos - O Jardim dos Sonhos - Parte 4


Este conto é uma continuação da semana passada. Recomendo os links no final do texto, para você, leitor do blog, que deseja acompanhar. Boa Leitura!

O carro foi lentamente deixando a cidade. Big City foi ficando para trás, junto com o ar pesado e carregado do centro. De longe, o que se via era uma cidade cinza, triste, repleta de coisas ruins. Se algum dia houve algo de bom ali, estava morto, e apodrecido.

O carro avançava sem dificuldades. Os dois ocupantes, o mendigo Japhy e Billy, não haviam trocado palavras. Mas um barulho forte assustou os dois. Um trovão, como nenhum dos dois tinha escutado antes cortou céu, junto de uma descarga elétrica que iluminou o caminho por alguns instante. Foi impossível que o barulho ensurdecedor daquele silêncio dentro do carro continuasse:

- isso é um aviso - disse o mendigo
- o que você está querendo dizer?- perguntou Billy, com receio.
- é uma aviso pra mim. Estão avisando que eu não posso entrar lá. E não devo tentar, pois já estou ciente do que pode acontecer.

Por um momento Billy se sentiu tentado a desistir. Que loucura era aquela que estava fazendo? Ir para um lugar que só existe na cabeça de um mendigo doido e bêbado. Japhy, no banco do carona, percebeu o vacilo e continuou o diálogo:

- acha que eu sou doido?
- não, não acho.
- então porque não tem certeza do que está fazendo? Se posso, quero lhe dar um conselho. Vire o carro, e nós dois voltamos para a cidade, e se você quiser, você me paga uma bebida.
- tenho certeza do que estou fazendo. Quero ver meu sonho crescer naquele jardim.

Japhy olhou para Billy. O olhar dele realmente era duro. Decidido. Não tinha mais nada a perder, mas ainda sim, o mendigo se sentiu no direito de alertá-lo:

- tudo bem, se você sabe o que está fazendo. Mas preste atenção. Seu sonho pode não estar brotando. Pode estar no meio das sementes ruins, pode estar jogado de lado, pod...
- cale a boca!!! Quero ir, sou eu quem decide! Se quiser, desça do carro agora e volte andando, mas não tente me convencer do contrário. Você não sabe como é a minha vida. Não tenho sonhos há muito tempo. Você sabe o que é se deitar todas as noites e não ter um sonho? Isso, porque o seu sonho de criança nunca se realizou? Sabe que porra de vida é essa? Se meu sonho não estiver lá, não tenho porque estar aqui... - disse Billy bufando, e com o rosto tenso.

Japhy olhou para Billy. Ele sabia realmente que sensação era aquela.

Continua...

Se você não leu as três primeias partes deste conto, leia, e acompanhe até o fim desta semana
o desfecho do
Jardim dos Sonhos:

Parte 1
Parte 2
Parte 3

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Sujos Factual - Vandativismo


Ontem alguns sites da velha mídia noticiaram um movimento que tem trabalhado em favor da lei que proíbe a utilização intensiva de propaganda política partidária nas ruas de todo país.

Mesmo que não seja a melhor forma de resolver a parada, é uma forma. Os caras colocam fogo em bonecos e cartazes no meio da rua. Destroem todo tipo de propaganda política. Pintam e avacalham com a cara da politicagem.

Claro, no primeiro momento vai parecer o império do caos. Mas pense bem. Se existe uma lei, por que esta mesma lei não está sendo respeitada? Porque existem pessoas que estão acima dela?



São cartazes, santinhos, adesivos que emporcalham as ruas de norte a sul. E vai ficar a pergunta. Depois que a eleição acabar, quem vai limpar a sujeira?

Ação do grupo se baseia na lei eleitoral 12034, que regulamenta o uso de material de propaganda. É um caminho perigoso para resolver as coisas. Mas será que é realmente preciso tanto papel, madeira e resursos gastos? E quem paga esta conta? E se há tanto dinheiro para gastar com propaganda política, porque esse dinheiro não aparece na hora de pensar em projetos para o país?




O seu dinheiro pode estar em boneco ou em um cartaz espalhado por aí.

Acesse lá e fique à vontade para discordar: vandativismo.wordpress.com

Marc Balender

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Culto e Grosso - Do poder da hierarquia.



O poder da hierarquia tem conservado a humanidade da mesma forma que o álcool conserva o feto, impedindo tanto que ele cresça quanto a sua deterioração. Tenho uma proposta para todos que são contra a mistificação de um Deus (religiosos sensatos e humanistas, orientalistas, agnósticos, ateístas...), vamos começar acabando com esta mistificação em nossas vidas cotidianas, peço o fim da hierarquia, do papel do chefe.

Numa corporação temos os diversos níveis de funcionários, e numa escada se vai subindo até o papel supremo do dono da empresa. Se todos estão igualmente trabalhando, por quais motivos alguns recebem mais e outros menos? Ostentação de aparências.

Devemos desejar e lutar para viver, e o espetáculo da sociedade é a pior forma de negar a existência, vivemos para aparentar algo, não para ser algo. Quando se trabalha deve buscar fazer daquilo uma forma de apoio ao outro humano, começou assim. Uma pessoa que criava gado precisava se vestir, então dava o alimento em troca da comida.

Para facilitar as trocas foi inventado o dinheiro, mas a ganância e a arrogância humana fez deste papel de troca uma forma dos ressentidos pelo fim da coroa possuírem uma nova forma de poder ser rei, e começou a exploração.

Como acabar com isso? Ideologias já tentaram tomar de assalto a nossa sociedade, mas bolei um plano mais sensato e que qualquer um (que tenha habilidades de administração) pode fazer para ajudar a cair o poder das hierarquias. Montemos empresas, aonde todo mundo recebe igual, o necessário para viver de forma saudável (alimentação, vestimenta, saúde e lazer).

Mas quem montou ela ficou em dívidas para investir na construção da empresa, não é justo ele receber mais? Afinal, ele é o dono das coisas, as pessoas não teriam onde trabalhar se não fosse ele, ele é bonzinho.

Até certo ponto sim, então que tal ele receber a mais até a 'dívida' estar quitada? Depois se torna um igual, e receber igual é a justiça.

E o lucro? O lucro (dinheiro que sobra das despesas e dos salários) é armazenado até ser o suficiente para abrir uma nova empresa, esta qual agora não terá investimento por parte de uma pessoa para ser montada, começando do zero com todos os funcionários recebendo igual, e mais lucro sendo gerado para montar novas empresas.

Em alguns anos, partindo de um investimento inicial único, podem-se montar diversas empresas, nos mais variados ramos de necessidades humanas, um aglomerado de empresas sem hierarquia de poder.

Conscientizando as pessoas sobre a missão da empresa, e trabalhando sempre pela qualidade dos produtos e serviços prestados, aos poucos as pessoas vão começar a preferir sempre do produto gerado sem exploração, falindo as empresas tradicionais.

Quanto mais pessoas tiverem esta visão, mais rápido a nova forma de negócio será espalhada, e o inimigo (homem ganancioso) terá que se juntar ao pensamento comunitário, ou será vencido. Esta é a minha proposta, mas ela pode ser melhorada.

Espero que este texto faça vocês pensarem, e se tivermos sorte uma pessoa (ou várias, esperemos que sim) com aquela habilidade de administração que citei terá acesso a esta idéia, e resolva colocar ela em prática. A teoria está dada, que deixe ela de ser apenas uma ideia perigosa, e que se torne uma ação na prática!

Ismael 'Fly' al. schonhorst

sábado, 25 de setembro de 2010

Imagem Suja - Sujos em Londres


Esta semana OSSUJOS fazem escala em Londres, acompanhados do jornalista David Gomes. O jornalista brasileiro foi as ruas da capital inglesa e trouxe o que rola no momento no graffiti e na arte urbana da cidade.

Na semana que vem, OSSUJOS trazem o documentário Galeria Urbana, vencedor do Expocom, prêmio da Intercom, sociedade de estudos em comunicação no Brasil. O documentário traz o que rola de mais forte na cena do graffiti e arte urbana no país. Entre os entrevistados estão Rui Amaral, Emol e Nunca.

E ainda tem mais. Na semana que vem, o blog faz um uma nova escala na Europa, e traz imagens produzidas em Berlim. O resto, a gente conta com as imagens que vem por aí, beleza?.

Confira o graffiti em Londres:


















Créditos: David Gomes, jornalista, residente em Londres.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Contos Sujos - O Jardim dos Sonhos - Parte 3


Se você não está acompanhando este conto, as duas primeiras partes estão logo aqui em baixo. Se está, manda bala na terceira!

O mendigo estudou a proposta e a pessoa que lhe pedia. Ele parecia desesperado. Japhy sabia que sensação era aquela. Mas foi duro:

-sabe onde está entrando, cara? A incerteza é um grande sonho pra mim, pena que não posso sonhá-lo.

Billy respondeu:

-quero a verdade. Nada além da verdade. Já vivi o suficiente e não tenho mais a intenção de viver essa porcaria de vida, se meu sonho não estiver crescendo. Me leve até lá, até a porta. Você não precisa entrar.
-eu nem poderia. Meu coração se tornou ruim. Seria impedido de entrar. Mas te levo até onde posso te guiar.

Os dois entraram no carro. O silêncio foi o único diálogo que tiveram durante pelo menos os primeiros 20 minutos em que o carro rodou rápido pelas ruas em direção a saída de Big City.

O tempo parecia estar mudando rapidamente. Um vento forte começava a soprar das planícies fora da cidade, e nuvens negras se aproximavam. Um cheiro de chuva forte começava a dominar lentamente o ar. A noite seria longa.

Este conto continua na semana que vem a partir de quarta feira*

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Contos Sujos - O Jardim dos Sonhos - Parte 2


Se você não está acompanhando, a primeira parte está logo aqui em baixo. Se está, manda bala na segunda!

Billy queria ver seu sonho crescendo. Não agüentava mais a espera. Havia sonhado tanto, que estava perdendo forças. E por isso queria ir ao jardim. Precisa da ajuda de Japhy. Ele acreditava que um dia ele estivera lá. E por isso foi atrás dele.

Sabia que podia encontrá-lo em algum bar de porre, ou em alguma roda de pessoas. Ele constantemente era encontrado discursando para outros bêbados e mendigos.
Não foi preciso rodar muito. Billy encontrou Japhy entrando em um bar no subúrbio de BC.

Encostou o carro e foi até a porta do Pub. Quando entrou, o mendigo já discursa com um copo de conhaque vagabundo em uma das mãos:

- vocês não sabem como é estar lá!eu estive lá seus bêbados, eu vi seus sonhos!

Outro homem no fundo do bar gritou:

-e os seus Japhy Bebum? Viu seu sonho em um copo de Dry Martini?

O bar inteiro riu do homem. O mendigo virou-se com a face sombria, mas ao mesmo tempo cético e sábio:

-se soubesse como é ver seus sonhos mortos, você nunca diria isso.

As palavras eram duras, que foi impossível não acreditar. Ele terminou o copo de conhaque e viu Billy na porta. A forma como o homem o olhava denunciava o teor da conversa que levariam. Billy chegou perto de Japhy e disse:

-acredito em você. Nenhum homem suportaria ver seus sonhos mortos.

O mendigo parou irritado:

-veio aqui para encher meu saco também?
-não, eu acredito em você. E preciso que você me leve lá – ponderou Billy

Continua...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Contos Sujos - O Jardim dos Sonhos - Parte 1


Apesar do caos que a cidade havia se transformado, havia um lugar em Big City que aqueles que tinham coração ruim não ousavam pisar. O lugar ficava afastado do centro da cidade. Eram pelo menos quarenta minutos de carro em estrada boa, e pelo menos mais duas horas andando em uma estrada perigosa, e sem qualquer tipo de sinalização.

E apesar de tudo, muitos ainda diziam que o lugar era só uma lenda urbana. Nas ruas, quem sabia da existência não ousava comentar sobre o assunto. Isto por que todos aqueles que foram até o “Jardim dos Sonhos” nunca voltaram.

Mas havia uma pessoa que sabia mais do que qualquer um. Japhy, o mendigo. Todos diziam que ele havia sido a última pessoa a voltar de lá, e havia endoidado depois que voltou. Mas ainda sim sabia como chegar, e entrar no Jardim dos Sonhos.

Billy queria ir até o jardim. Sabia pouco. Não mais do que todos sabiam. A lenda dizia que o Jardim faz parte de tantos outros, onde os sonhos são plantados. Lá, cada homem ou mulher que um dia tenha sonhado algo, encontra. Vidas, viagens, experiências.

Está tudo lá, crescendo. Ou não. Existem sonhos que não vingam. As pessoas de coração ruim, produzem sementes que não dão liga e que morrem logo. Outros sonhos não são plantados, e ficam guardados até que exista espaço na terra para que ele possa nascer.

E outros ainda são dispensados pelo jardineiro. Estes dependem de julgamento, mas a maioria é jogada fora.

Continua...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Cultura Suja - Pequenas diferenças de Matthew Albanese



Matthew Albanese vive nos Estados Unidos, em Nova Jersey, e trabalha com a fotografia, as imagens fascinam quem as olha.


Suas fotos são de paisagens belíssimas, porém com um pequeno detalhe, uma diferença que poucos percebem, suas fotos são de maquetes surpreendentes de um mundo criado pelo próprio Matthew, um trabalho minucioso e detalhado, baseado no realismo de paisagens naturais.


Sua criatividade única junto com suas técnicas fotográficas resultam em imagens memoráveis que, se não fossem por fotos do making off, seriam difíceis de acreditar se as paisagens são reais ou não.


As maquetes são montadas em seu estúdio com materiais extremamente variados, tais como: lã de aço, algodão, produtos gastronômicos (temperos de cozinha, açúcar e outros), gesso ou cimento.


O conjunto desses materiais, que dão formas e texturas inimagináveis, juntamente a ângulos específicos, jogo de iluminação e profundidade de campo transformam-se nos lindos trabalhos de Matthew.


O making off é feito para que o artista possa descrever o processo de criação e proporcionar uma perspectiva de seu trabalho.


Trazendo mais admiração para suas obras que nem sempre duram muito tempo e as vezes são destruídas no decorrer da captação das imagens. Mas ficam imortalizadas na fotografia.

Curta Mais:

























Nane Doradinha

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Culto e grosso - Quando morrem os sonhos



Imagine quantos sonhos você deixou de realizar hoje. Quantas metas da sua vida não foram executadas por que faltou tempo, faltou ânimo, faltou força. Quantos são os sonhos que morrem pelo meio do caminho da vida, ou que ao nascerem, perdem a força? Definitivamente, são muitos.

Faça uma análise. O que está errado. Seus métodos? Talvez. Mas e quando a rotina suga totalmente a sua mente e por mais metódico que você seja, não há saída? Ou talvez ela exista, e o difícil é perceber, e ter coragem para acreditar nisso.

O estranho é você ter que deixar o que você escolheu, por que as regras do jogo são estas. E jogar ou não, é estar dentro ou fora. É estar preparado para conviver com uma cobrança que talvez seja ainda maior que a cobrança do patrão, dos amigos, da família. A cobrança interna. Esta sim, é sagaz, e bate forte. Se você escolheu ser livre, talvez esteja assumindo uma reponsabilidade ainda maior.

A de ser plenamente livre, e arcar com os benefícios e as perdas desta escolha. Quando você deixa as responsabilidades da vida corporativa, fatalmente encara outras.

Se existisse um lugar para guardar cada sonho morto, teríamos uma imagem emblemática. Mas apesar de ver a realidade capitalizando até os "sonhos", em forma de loterias e promessas milagrosas de vida fácil, não é disso que este texto fala. Não é de dinheiro. Aqui, são coisas significativas para a vida das pessoas. Impactantes. Quantas vezes você impactou positivamente nos últimos tempos?

Estes pequenos sonhos, que fazem parte de um sonho maior, a gente esquece de contar. Por que no fim, queremos sonhar e viver aquilo que queremos. E são estes os mais difícieis. Por que só quem sonha, compreende o significado. E a dificuldade.

Só você pode dizer qual é o seu limite. Para acreditar. E para sonhar.

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