sábado, 21 de abril de 2012

Música Suja - Estudando o Samba


O ano era 1986. O cantor David Byrne, do extinto grupo Talking Heads, perambulava pelo Rio de Janeiro e, passando por uma loja de LPs, resolveu pedir alguns discos de samba para conhecer melhor o estilo. E graças à despretensiosa e providencial intervenção de um simples empregado, acabou levando um disco que o marcaria e, por conseguinte, mudaria para sempre a vida de Tom Zé.


 
Depois de ouvir “Estudando o Samba”, Byrne ligou para um amigo brasileiro que residia em Nova York e o interpelou a respeito de Tom Zé. Ficou surpreso ao saber que o músico era pouco conhecido no Brasil e rebateu: “Como é que o Brasil não conhece um artista desses?”. A partir daí, as estrelas da sorte se revelaram para o baiano que, a partir de David Byrne, foi divulgado internacionalmente e retirado do desmerecido ostracismo.


O disco não oferece um samba convencional. Em algumas faixas você até captura elementos do samba controvertido e clássico; contudo, eles são apresentados com a roupagem experimental peculiar de Tom Zé. O artista consegue contrapor erudição, densidade e hermetismo a melodias emotivas, letras grudentas e incrivelmente originais. Em sua quase totalidade, o álbum é composto por faixas nomeadas com monossílabos. “Mã”, “Toc”, “Vai”, “Ui”, “Tô”, “Se” e por aí vai.


Depois de quase duas décadas imerso no esquecimento, Tom Zé encontrou sua tábua de salvação neste maravilhoso trabalho. Experimentou um renascimento musical e passou a ser gloriosamente celebrado nos Estados Unidos e na Europa. Um sucesso de público e de crítica. Ele é mais um dos vários exemplos de artistas que, fugindo do mainstream brasileiro, só encontrou alento no exterior. Aqui no Brasil ele é maldito. Lá fora ele é Tom Zé.

Arthur Viggi

sábado, 14 de abril de 2012

Música Suja - Exile On Main St.

Sendo considerado pela crítica o melhor álbum dos Rolling Stones, não posso deixar de falar do antológico “Exile On Main St.” Foi sem dúvida o ápice da carreira da banda, demonstrando extrema maturidade musical e harmonia na combinação de estilos musicais. Você encontra nele elementos do jazz, blues, country, soul e gospel; uma aglutinação que resultou em Rock N’ Roll e Rhythm and Blues de qualidade.

A versão remasterizada do disco foi lançada há algum tempo atrás, disponibilizando as 18 músicas oficiais e mais algumas extras, com uma qualidade sonora que não deixa nada a desejar. O repertório se inicia com as frenéticas “Rocks Off” e “Rip This Joint”; passa pela clássica “Tumblin’ Dice”, a country “Sweet Virginia”;  e segue com a mesma fórmula em hits como “Loving Cup”, “Let It Loose”, “All Down The Line” e “Shine a Light”. Um disco magnífico, emotivo e, ao mesmo tempo, agitado.

 
Lançado em maio de 1972, o álbum não tem esse nome por acaso. Os integrantes estavam de fato exilados na França no período de composição e mixagem das músicas. Fugiam das alíquotas exorbitantes e da polícia inglesa. O processo todo de produção, inclusive as loucuras, aconteceu no palacete alugado por Keith Richards. O ambiente caótico de produção se refletiu no resultado final: uma mistura complexa, porém harmônica, de gêneros musicais.



Arthur Viggi

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Música Suja - Músicas para Churrasco Vol. 1


Ele é seu amigo, seu companheiro, Seu Jorge. O carioca de Belford Roxo lançou há pouco tempo o álbum “Músicas para Churrasco Vol. 1”, disco de samba-rock com uma pitada de soul. Inspirado na teledramaturgia brasileira, o cantor criou vários contos musicados sobre personagens fictícios ou emblemáticos, típicos das comunidades suburbanas. 


O disco tem uma efusividade contagiante e, até, carnavalesca. Cumpre bem seu papel de animador de churrascos, contendo um repertório de poucos acordes, porém bem combinados. Seu Jorge repetiu a fórmula do penúltimo disco, “América Brasil”, que o fez estourar em sua terra natal, com os sucessos “Burguesinha” e “Mina do Condomínio”. Apenas causa-me estranhamento o contexto em que o artista se popularizou no Brasil. À época do lançamento de “América...”, o cantor já tinha gravado um disco na França, um ao vivo com Ana Carolina, um filme nacional de destaque (Cidade de Deus) e outro internacional (A Vida Marinha de Steve Zissou). 


Eis então que Seu Jorge lança os dois hits já citados, que considero duas de suas piores músicas, e o Brasil passa a conhecê-lo. Muito triste o fato de a maioria das pessoas só notar o que é easy listening. Mas, enfim, nada é perfeito. O cantor tem conseguido conciliar vendas com boas músicas. Aconselho você a ouvir o mais novo disco com carinho, e é claro que ele tornará seu churrasco especial. Ouça também os trabalhos mais antigos, como “Samba Esporte Fino” e “Cru”, álbuns mais voltados para MPB, que trazem o Nosso Jorge em sua melhor forma.

http://www.youtube.com/watch?v=MubPUt0F7_M&ob=av3e 

Arthur Viggi

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Cinema Livre - Duas terça-feiras onze de setembro


O maior atentado terrorista da história foi o ataque às torres gêmeas? Não acredito, aliás, como fica claro nesse vídeo há oculto na história uma outra terça-feira muito mais sangrenta e cruel que a tragédia americana. Dores são dores e não devem ser comparadas. Mas historicamente é preciso refletir.



João Ninguém

domingo, 29 de janeiro de 2012

Música Suja - Noel Gallagher’s High Flying Birds


Confesso que na primeira vez que ouvi o novo álbum de Noel, “High Flying Birds”, fiquei um pouco desapontado. Não encontrei a agressividade do Oasis no disco, o que já era de se esperar, visto que não é um trabalho do Oasis, e sim do Noel. Na verdade, reneguei este álbum por vários meses, desde seu lançamento, simplesmente por ter perdido o costume de ouvir BritPop. Somente há pouco tempo sintonizei meu ouvido na freqüência musical britânica, e agora posso expor uma conclusão sensata a respeito do disco.


O repertório começa com “Everybody’s On The Run”, música que me lembra bastante o som do Seal. O vocal limpo e afinado de Noel se encaixa bem melhor no Pop; daí vem minha estranheza inicial por carência de agressividade. "Dream On" dá seqüência ao disco, usando uma fórmula antiga do Oasis. Digo o mesmo de “If I had a Gun”. "The Death of You and Me" marca a ascensão do disco, com uma sonoridade burlesca, de marchinha, inovando com arranjos de sopro jazzísticos. "(I Wanna Live in a Dream in My) Record Machine" também é uma música cool que segue a fórmula antiga.

"AKA... What a Life!" é uma das minhas preferidas; tem um ritmo dance marcado pela batida da bateria e do arranjo do piano. É provavelmente a música mais contagiante do disco; li inclusive que Noel pensou em oferecer a música a Madonna, devido a sua natureza Pop. "Soldier Boys and Jesus Freaks" também é uma música sensacional, que segue o já citado ritmo de marchinha. A próxima é "AKA... Broken Arrow", outra excelente música que se encaixaria bem numa voz feminina, tal como a de KT Tunstall ou Natalia Imbruglia. "(Stranded On) The Wrong Beach" arrebata com a mesma levada de “What a Life!”. E "Stop the Clocks" e “A Simple Game of Genius” fecha o disco da forma como ele foi começado, me remetendo novamente ao Seal.

Parece que o longo hiato subseqüente ao último disco de Oasis não atrapalhou, afinal, o desempenho de Noel Gallagher. “High Flying Birds” é um disco simples, despretensioso e definitivamente carente de agressividade. Não que isso seja uma crítica; pelo contrário, pode ser uma virtude etérea que comporá a nova identidade do cantor. O desafio é esse mesmo: distanciar-se da imagem do Oasis e, principalmente, do errôneo estigma de ter copiado os Beatles. Noel deu início a uma consistente carreira solo e mantêm-se no patamar de um dos maiores talentos da Inglaterra. O mesmo não digo, porém, de Liam, que apesar da marra icônica e do vocal potente, mal sabe tocar um violão e tampouco emplacar um repertório

Arthur Viggi

domingo, 15 de janeiro de 2012

Imagem Suja - Quem poderia prever?



Uma seleção aleatória de crianças que mudariam as rotações do planeta, do país, cada um com seu estilo, potencial e valores...













O nome das crianças está nos comentários.

João Ninguém @jaoninguem

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Sujos Factual - Tentando explicar o inexplicável




Boletim de Ocorrência, Data:29/12/2011

Natureza: Calúnia e Difamação
Logradouro: Na banca mais próxima de você

Vítima: Cultura Popular Brasileira
Acusados: Humberto Maia Jr., E Luís Antônio Giron, Marta Mendonça, Maurício Meireles, André Sollito. Repórteres e editores da Revista Época


"Com melodia fácil e letras que falam ao público jovem, o cantor paranaense bateu recordes na internet e traduziu os valores da cultura popular para todos"



Esse subtítulo é o culpado da discórdia, porque a matéria, pra quem leu, é bem escrita apesar da superficialidade do personagem. A falta de bom senso é óbvia no trecho polêmico "traduziu os valores da cultura popular para todos", e muita gente já escreveu sobre. Mas vamos experimentar um olhar diferente:

Você jornalista de uma das maiores revistas do país recebe um release do Michel Teló com recomendação de capa. Você tem que realizá-la. O que interessava à assessoria do rapaz era tê-lo na capa, o teor da matéria pouco importa.

Eu fico pensando, a tarefa foi delegada a cinco jornalistas, será que faltou o bom senso aos cinco? Não sei, isso me tem cara de uma grande sacaneada. Teló tem direito a capa não tem ?(provavelmente é uma matéria paga, muito bem paga). Então, os jornalistas resolveram escancarar essa pouca vergonha.

A melhor resposta que tenho da situação é essa, o jornalista poderia ter feito uma matéria que ninguém ia ligar, apenas para as fãs histéricas guardarem. Mas não, despertou polêmica e discussão sobre o que é a cultura popular brasileira. Sobre o quanto estamos distantes de nossas raízes.

No mais, o hit de Teló não é sertanejo, não tem identidade nenhuma: nem letra, nem ritmo. Tornou-se um sucesso através de jogadores de futebol, primeiro os tupiniquins, depois o ídolo mundial Cristiano Ronaldo. Por isso, creditar algum mérito ao artista é desrespeito à inteligência. Pra quem ainda insistir nisso, presta atenção nessa letra:


A gente foi criado em playground,
jogando futebol no carpete,
tomando leitinho com pêra às 5:47...

A gente nunca andou na grama,
A gente nunca sujou pneu de lama,
temos no farmville uma plantação de banana...

Fui feita para agroboy, cowboy de posto,
Fivela dourada e creme no rosto.

Railuque & Maloque - Agroboys
(Jingle de Comercial da Nissan)



João Ninguém @jaoninguem

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