quarta-feira, 3 de março de 2010
Contos Sujos - Tratamento - Parte 1
Bernard chegou cedo ao consultório. Não havia como se atrasar. A assistente social que o levara até o Dr. Chapman foi pontual. Apesar da casa do garoto ficar distante do centro de Big City, Anne passou bem antes das 8 da manhã. Enquanto dirigia, pensava no caso.
Acostumada a acompanhar adolescentes e jovens criminosos, era a primeira vez que tinha em suas mãos uma criança. Aquilo perturbara a sua cabeça, principalmente pela ficha a que teve acesso.
Desde cedo, Bernard apresentava traços problemáticos. No jardim de infância, chegou a se esconder durante um dia inteiro. A busca durou cerca de 24 horas. Quando o encontraram, em meio a materiais de limpeza e suprimentos, ele desenhava calmamente.
Em outro episódio, com um pouco mais de idade, durante um intervalo, surrou um colega de classe impiedosamente, não demostrando qualquer traço de arrependimento. Bernard sempre dizia a mesma coisa quando indagado sobre cada uma de suas ações:
-não quero fazer a prova
Ninguém na escola sabia dizer que prova era essa. E o garoto se negava a falar mais do que a justificativa. Em casa, o comportamento era o mesmo. Medo constante, atitudes violentas e poucas palavras que mostrassem qual o real motivo de tudo aquilo. O tratamento com o Dr. Chapman foi recomendado depois que Bernard se tornou o principal suspeito de um incêndio.
Apesar de inconclusivas, as investigações feitas pela polícia (não que a polícia de Big City tivesse uma reputação respeitável) mostraram que alguém, de dentro da escola, teria causado o incêndio proposital que destruiu parte da sala de suprimentos. Além disso, o autor sabia que ali existiam produtos inflamáveis, que rapidamente causariam o aumento das chamas.
E o único, fora os funcionários, que sabia disso era justamente Bernard. Durante o interrogatório, a única resposta já era conhecida:
- não quero fazer a prova
continua...
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