Desde pequenas as pessoas são criadas com diferenças. “Todos os animais são iguais, mas uns são mais iguais que os outros”. O trecho do livro de “A Revolução dos Bichos”, de George Orwell, ilustra bem o que estou falando. No começo da vida e principalmente na adolescência parecemos pré-destinados a sermos “winners” ou “losers”.
As salas de aula podem muitas vezes ser comparadas com as cidades modernas. No centro você tem a elite e em volta os marginalizados, os nerds e as pessoas “normais”, que não se enquadram em nenhum rótulo. Essa dualidade pode ser observada também, porém mais genericamente, entre escolas públicas e particulares de ensino fundamental e médio.
Portanto, num estabelecimento de ensino primário onde deveria ser ensinado um valor abstrato chamado “igualdade”, já pregam na sua testa que você é melhor ou pior, e esses rótulos são carregados para as ruas.
Os tempos de escola não costumam deixar muitas saudades. Arrisco dizer que vivemos em meio a um apartheid educacional. Só que ao invés de negros versus brancos, temos pobres versus ricos. Isso tudo leva aos muros sociais. Dessa forma, o pobre que consegue perfurar algum muro imperfurável através de uma bolsa de estudos, provavelmente acaba se sentindo um peixe fora d’água e vice-versa.
O sistema de cotas nas universidades reduziu os muros, apesar de não ter solucionado o problema. O REUNI está aí pra reduzi-los ainda mais. Mas será que a extinção dos muros será real? Se a qualidade do ensino for mantida, acredito que sim. Senão talvez seja criado para esta geração outro tipo de muro, com a dualidade profissionais pré-REUNI e profissionais pós-REUNI.
Arthur Viggi
Arthur Viggi
O tema de cotas realmente é intrigante. Temos nítido que não basta apenas oferecer vagas para os negros, indios, estudantes de escolas publicas, se os que entraram na faculdade pelos tramites ditos " normais" não aceitam e excluem aqueles que foram "privilegiados".
ResponderExcluirAntes dos incetivos de pró-uni, onde o governo federal gasta bilhões em parcerias com instituições particulares de ensino superior, deveriamos pensar em melhorar o salário dos professores de nivel fundamental e médio, incentiva-los ao estudo e aperfeiçoamento constante, e então tornar a escola pública capaz de ser comparada ao nível educacional de uma instiuição particular.
Isso não é utópico, é perfeitamente possivel, desde que esse "ladrões" parem de meter a mão no NOSSO dinheiro e invistam no que realmente precisa!
muito bom este texto arthur... ótimas comparações
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