
Aproveitando o gancho dado pela coluna de ontem, segue mais um texto tratando sobre o assunto.
Para quem tem alguma relação com a área de comunicação, o texto “A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica”, de Walter Benjamim, é familiar. Segundo o autor, a possibilidade produzir em grande escala bens culturais, como pinturas, fotografias e artigos artísticos em geral tem papel fundamental na difusão e democratização do que se chama de arte. Claro, aqui trato brevemente do assunto, e reproduzo de forma tosca e pessoal a visão geral sobre o tema.
Walter Benjamim rivalizou com importantes estudiosos da área da comunicação, ao tratar o assunto com tal ótica. Theodor Adorno e Max Horkheimer, ambos da tradicional Escola de Frankfurt, ao contrário, enxergavam na reprodutibilidade uma ameaça à originalidade da obra e a possibilidade de que as massas fossem manipuladas por uma elite detendora dos meios.
Porém, nenhuma das duas teorias levou em conta o surgimento da Internet e dos demais meios de difusão da informação nos moldes que temos hoje (claro, o primeiro ensaio de Benjamim sobre o assunto foi produzido em 1936!).

Qual a relação disso com o que é cult e cool?
Hoje, o acesso é quase ilimitado. Praticamente se encontra tudo na rede mundial. De cds de forró à pinturas. De obras completas de importantes autores chegando a acessórios para o carnaval em Olinda. É fácil. E por isso, encontrar substituiu o que antes era conhecido como acesso.
Cultura erudita? Outro termo que parece perder o sentido. Pois também estava ligado diretamente à acesso, e a custo ($).
Então como classificar o que é bom ou ruim? Com a busca.
Note que o monopólio da informação atualmente se dá pela velocidade, pelo ineditismo e pela forma como se chega à ela. A qualidade em si fica para uma análise posterior, caso se faça necessária, mas são Cults e Cool´s que puxam o bonde e ditam as regras. Se você concorda ou não, aí é outra história.

O fato é que, no sentido oposto da democratização e da popularização, o que se busca é a particularidade. Cultura e informação de qualidade, é aquela que poucos conhecem, ou poucos encontraram, reconstruindo os conceitos de Theodor Adorno e Max Horkheimer em um novo cenário.
Experimente dizer que um samba é bom. Ou que você está doido para comprar aquele cd de viola caipira. É provável que você receba olhares de reprovação, ou que o assunto se volte para o novo CD daquela banda experimental que você nunca ouviu falar.
E se de tudo ainda existir espaço para discussão, é provável que suas opiniões sejam tomadas como algo ligeiramente tosco. Incomodar-se com isso é da personalidade de cada um. O lance é saber que modas não são regras. E mesmo que ela faça uso de instrumentos populares ou tradicionais, ou basicamente seja consumida pelo povão, a qualidade dela não necessariamenteserá ruim. Seria determinista e simples demais.
Enfim, gosto é que nem bunda. O feio é usar calça xadrez e justificar a qualidade usando unicamente a esfericidade do umbigo cult-cool como padrão estético de uma sociedade que hoje é plural, diversa e tem, quando quer, acesso ao que julga ser bom.
Em uma próxima oportunidade falaremos sobre referências.
Marc Balender
“A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica”e todas as outras teorias são dignos de discussões atuais. É sempre bom resgatá-los,para repensar o futuro desta democratização do acesso aos bens culturais.
ResponderExcluirEste alcance amplo relativiza esta relação e encurta distâncias. Afinal, o que é mesmo cult e erudito? Concordo, quando diz, que isto está ligado ao ineditismo. A questão é manter este artigo como inédito. Qual é a durabilidade? kkkk
Bom texto!
belo texto, e a arte ainda pode ser re-contextualizada. Parabens.
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