sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Sujos Factual-Pra quem não viu de perto a campanha de Fernando Gabeira


Moro no Rio há dois anos e meio mas ainda voto em Santos Dumont, e não pretendo deixar de cumprir a minha obrigação eleitoral na meu lar doce, às vezes amargo lar. Só que em 2008 no Rio de Janeiro tive a minha melhor experiência política a campanha do jornalista Fernando Gabeira, que perdeu a eleição para Eduardo Paes.

A campanha de Gabeira, embora derrotada, deu ao Brasil a chance de provar uma nova política. Um mandato livre de comprometimentos, um prefeito com autonomia para decidir pura e simplesmente pelo bom-senso, um prefeito que não precisaria pesar compromissos com essa e aquela empresa, com estes ou aqueles aliados.

No início da disputa eleitoral carioca, os nomes mais fortes eram o Bispo Marcelo Crivela, a médica Jandira Fegali e o atual prefeito Eduardo Paes. Gabeira era mais um entre candidatos a sequer beliscarem os cinco por cento no primeiro turno.

Com o início das pesquisas Gabeira superava os outros candidatos menores, mas não se aproximava das principais intenções de voto.

Um fator decisivo nas urnas cariocas foi a rejeição. Por exemplo, o bispo Crivela era o nome mais forte nas pesquisas, mas era dele também o maior índice de rejeição. Jandira Fegalli também desagradava a muita gente. Resultado o simpático rapaz Eduardo Paes apoiado pelo governador do estado Sérgio Cabral e posteriormente com a queda de Crivella pelo Presidente Lula foi para o segundo turno.

Com uma campanha impecável passou segurança para seu eleitorado, com fala mansa e discurso de quem pega no batente pelo povo. A surpresa, viria Crivella que pela rejeição aos outros candidatos acabou sendo o escolhido. Porém, o crescimento de Gabeira não foi o suficiente, alguns fatores foram determinantes para a queda do candidato do PV: a oposição ligar a imagem de Gabeira como ativista pela legalização das drogas, homossexualismo; o debate televisivo em que Paes levou a melhor e um feriado adiantado por Sérgio Cabral, que fez com que boa parte da população da Zona Sul, eleitorado de Gabeira viajasse e não fosse votar.

Independente do que houve na corrida eleitoral, o que havia de diferencial na forma que foi feita a campanha de Gabeira é que por não haver verbas de grandes empresas financiando a campanha, não haveria a quem compensar.

Por não haver grandes alianças, ou melhor, nós políticos, não haveria grande interferência na distribuição das secretarias. O prefeito teria em suas mãos o poder quase absoluto sobre a cidade, a julgar pelo bom senso de Gabeira, poderíamos esperar um mandato de mudanças significativas.

A chance de uma política sem politicagem isso significaria a prefeitura nas mãos de Gabeira. Todos, depois que Sartre a definiu, entendemos como a Engrenagem funciona: Não há boas intenções que sobrevivam aos compromissos maiores que são necessários para alcançar o poder.

Vejam, isso não é um problema do Brasil, Mr. Obama faz um governo muito distante das expectativas que nele o mundo depositou. Que Obama seja uma boa pessoa não há quem duvide, mas o governo de Obama não são as vontades de Obama.

O Rio teve a chance de dar um governo autônomo e a desperdiçou, mas a mim, isso encheu de esperança que há solução para a minha amada e odiada política.


João Ninguém

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