
Ele é um ícone do cinema afro-americano. Morou no Brooklyn, bairro que o fez adquirir toda a sua consciência social. É dessa fonte que Spike Lee bebe, e boa parte de sua filmografia é marcada pela polemização da questão racial dentro dos Estados Unidos.
O ponto forte de seus filmes são os diálogos bem feitos, que expõem as contradições entre brancos e negros, tais como a divisão territorial e cultural, e é claro, o preconceito. Spike nos mostra a complexidade dos guetos norte-americanos, que são formados não só por negros, mas também por italianos, hispânicos, orientais, etc.

A sua obra-prima, em minha opinião, é “Febre da Selva”, um filme que trata do relacionamento entre um negro e uma branca de ascendência italiana, e denuncia o repúdio infundado entre brancos e negros, evidenciando todas as barreiras que o casal encontra simplesmente por se envolverem descompromissadamente.
Desde o princípio de sua carreira Spike já era polêmico. Em 1980 ele produziu um curta-metragem chamado “The Answer”, que é na verdade uma resposta ao clássico racista do cinema mudo “O Nascimento de uma Nação”, de 1915, que justifica a segregação racial e foi em parte responsável pelo reaparecimento da Ku Klux Klan.

O diretor assina ainda a cinebiografia de Malcolm X, líder negro que lutou contra o racismo e a supremacia estética, cultural e social branca, e o filme “Faça a Coisa Certa”, que fala sobre a convivência de uma minoria branca em um bairro predominantemente negro.
Esse filme tem uma expressão que me marcou bastante, que é “Stay Black” (Permaneça Negro). Spike costuma colocar esse tipo de expressão nos filmes, incentivando o público a “se ligar” nas questões raciais.
Lilly Zowie
lillyzowie@gmail.com
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