sábado, 6 de fevereiro de 2010

Cultura Suja - Relações de Poder na Sociedade – Autoridade x Autoritarismo


Segundo a Wikipédia, “a Autoridade transmite a mensagem de ordem sem dar razões ou algum argumento de justificação e os indivíduos subordinados a esta autoridade aceitam e obedecem sem questionar" e o Autoritarismo "...pode ser caracterizado pelo uso do abuso de poder e da autoridade confundindo-se com o despotismo". Esses 2 conceitos são válidos tanto no contexto social quanto no político.

Porém sempre me pareceu que nós fomos criados em uma sociedade educada de forma à tomar o autoritarismo como certo, ou então, na melhor das hipóteses, apenas se irritar diante da violação da ética que nós mesmos criamos, ignorando a ilegalidade jurídica dos atos provenientes dos “déspotas” de nosso dia-a-dia.


A alienação começa muitas vezes no ambienta familiar, quando um pai autoritário agride o filho ou a mulher seguindo critérios que ele mesmo cria, e diante da passividade dos que o cercam, acabam modelando jovens conformistas que associam o abuso ao conceito de autoridade, e atribuem esse falso direito a outros líderes ou então a si próprios.

É um problema que passa de geração a geração, está na genética de muitas famílias e vê na impunidade, na ignorância e na indiferença virtudes que o alimentam. Você pode notar isso em frases como “hoje eu agradeço o que meu pai fez por mim... um dia você também me agradecerá, meu filho”, “em briga de marido e mulher não se mete a colher” ou então “você não é meu pai pra fazer isso”.

Será que os pais têm uma autoridade maior sobre seus filhos a ponto de abusar fisicamente e verbalmente deles? Ou que os patrões têm essa autoridade sobre seus empregados?


Ou que os maridos têm essa autoridade sobre as esposas? Para fazer uma relação com o cinema, quero citar o Capitão Nascimento. Não acredito que a idolatria do personagem tenha refletido a visão distorcida da sociedade. Se víssemos as cenas do filme em noticiários, relatando fatos reais, acho que a maioria de nós ficaria horrorizado.

Mas o cinema faz uma lavagem naquilo que representa, tornando o produto bem-visto pelo expectador. Buscando outros exemplos, temos Don Corleone e Tony Montana. São dois personagens que você iria querer ter em uma camisa, mas não perto de você. Assim, nós gostamos do Capitão Nascimento, mas não queremos um por perto.


Porém, guardadas as devidas proporções, acho que toleramos vários “Nascimento” durante a vida. Enquanto os veículos comunicativos e o governo não conscientizarem melhor a população a respeito de seus direitos e de como defendê-los, não se pode alcançar o máximo do potencial da legislação.

A novela “Mulheres Apaixonadas” gerou a polêmica necessária para impulsionar a penalização da agressão contra a mulher. A Rede Globo poderia continuar usando seu poder pra combater outros tipos de abuso, não só com novelas, mas também com propagandas.

Lilly Rose

Um comentário:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...