segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Toxicidade-Contos Sujos

O funcionário chega ao prédio da empresa às 8 e 30 da manhã. Ao entrar
no seu escritório, ou purgatório, seja lá como queira chamar, ele ouve
um "bom dia" característico do ambiente em que dá seu sangue: "Quero
aquele relatório sobre o qual te falei ontem no fim do dia, e
rápido!".

Pronto, um caloroso cumprimento para renovar a relação de

humanidade entre chefe e subordinado. Mais intenso que esse
cumprimento somente a despedida no fim do dia, onde os nervos
exaltados do chefe lhe dão poderes paternos de dar gritos de fúria e
"puxões de orelha" que remetem a infância do funcionário, época na
qual ele se julga agora verdadeiramente feliz.

Após deixar o prédio, o
funcionário vai pegar seu tranporte público para voltar pra casa.
Dentro do ônibus, ele tem um sonho acordado. Se imagina num dia
ensolarado e com céu limpo, onde possa pegar sua carta de demissão,
depois de ter surrado o chefe. "Seria bom", ele pensa, ao mesmo tempo
em que exibe um sorriso malicioso, sem perceber. Seria bom e surreal
para uma pessoa que tem uma família para sustentar.

Após o breve
sonho, o funcionário volta a sua realidade. Cansado, dentro de um
ônibus, esperando para chegar em casa e ligar a televisão na novela
das 20h, onde de certa forma seu sonho pode ser realizado, pois nela
existe um vilão que prejudica seus subordinados, e o funcionário sabe
que nas novelas os vilões costumam pagar pelo que fazem.

*conto enviado pelo um amigo do blog Arthur Figueiredo. Se você tiver seu conto sujo
mande também.

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