

Assim Caminha a Humanidade: um épico inesquecível sobre gerações
Em 1956 o diretor George Stevens fez aquele que talvez seja o seu maior filme: Assim Caminha a Humanidade, cujo título original “Giant” (Gigante) faz jus à obra em todos os sentidos.
Com quase 3 horas e meia de duração, Stevens nos transporta para um épico familiar que atravessa décadas sob o sol do Texas, lidando com temas variados como a transição dos Estados Unidos de país essencialmente agropecuário para petrolífero e tocando sem medo na ferida do preconceito (assunto incomum para a época).
Um típico drama adulto que Hollywood parece ter se esquecido de fazer. Sangue Negro de Paul Thomas Anderson conseguiu isso recentemente, com uma temática semelhante, mas isso já é outro assunto.

Na história, Bick Benedict (Rock Hudson, excelente) é um barão do gado texano que se casa com Leslie (Elizabeth Taylor) depois de conhecê-la ao negociar a compra de um cavalo com seu pai, também fazendeiro.
Leslie abandona a vida tranqüila que levava e parte para viver com Bick no escaldante Texas, mas os problemas começam quando a irmã de Bick deixa uma parte da propriedade da família para um ex-empregado seu, Jett Rink (o magnífico James Dean, que rouba o filme e faz aqui a melhor interpretação de sua curta, porém brilhante carreira – o jovem ator morreu tragicamente em um acidente de carro logo depois de concluir sua participação no filme).
Jett descobre petróleo em sua parte das terras e fica imensamente rico da noite para o dia, porém sua vida pessoal bem como a vida das pessoas ao seu redor mudará para sempre.
Assim Caminha a Humanidade é um clássico absoluto do cinema, George Stevens levou o Oscar de melhor diretor merecidamente, demonstrando sua habilidade em conduzir grandes histórias dramáticas, com um arco de tempo longo e bem definido, não perdendo a mão em nenhum instante, o que é um grande feito, haja vista a magnitude e a complexidade da trama e dos personagens. Stevens era diretor de verdade, o cinemão americano corria por suas veias.

As atuações aqui são um show à parte, o elenco está incrivelmente bem, o entrosamento entre Rock Hudson e Liz Taylor é perfeito, Dennis Hopper como um dos filhos do casal aparece aqui bem novinho, mas já demonstrando todo o seu talento como ator.
E claro, a já citada participação magnífica de James Dean – destaque para a cena em que ele recebe uma proposta de conotações duvidosas de seu antigo patrão (Hudson), tentando negociar a parte da terra que lhe foi confiada. Os gestos simples, os olhares, a maneira de andar que Dean cria para o personagem são memoráveis e tornam Jett Rink real, palpável, provando que a atenção aos detalhes define um bom ator.
A bela fotografia de William C. Mellor explora bem os desertos do Texas e as cores que compõem aquele universo tão particular – basta observar a cena em que Jett descobre um poço de petróleo – é como se um quadro estivesse sendo pintado bem na sua frente.
A música do sempre preciso Dimitri Tiomkin (o mesmo compositor da inesquecível trilha de Matar ou Morrer) é igualmente bela e compõe o filme perfeitamente.
Mas é graças ao excelente roteiro de Fred Guiol e Ivan Moffat (baseado em um romance de Edna Ferber) que tudo flui de maneira tão grandiosa, as gerações vão se passando e tudo é colocado de forma cuidadosa pelo roteiro, de maneira que você acaba se sentindo parte da família Benedict.

Assim Caminha a Humanidade é um clássico obrigatório para qualquer fã da sétima arte ou para qualquer pessoa que apenas queira ver uma boa história. Indispensável.
Assim Caminha a Humanidade (Giant, 1956) – de George Stevens
Assista ao trailer: http://www.youtube.com/watch?v=kMG_ipol-MI
Gabriel Fonseca
Mais uma vez tive o prazer de ler a crítica sempre inteligente e ilustrativa de Gabriel Fonseca, que sem dúvida faz suas críticas com conhecimento de causa e principalmente com paixão pelo cinema e pelo que faz.
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho.
Pô mano vc manda bem, parabéns pela critica, e quanto ao filme dispensa comentários.
ResponderExcluirValeu!
É isso aí êsse filme é uma obra prima e a crítica é excelente, Gabriel Fonseca é fera.
ResponderExcluirParabéns!
Eu não assisti esse filme ainda.
ResponderExcluirA crítica é espetacular e sem dúvida conseguiu tocar minha curiosidade de assistir a esse clássico.
O brigado Gabriel, pelo seu bom gosto e pela sua crítica indecifrável.