quarta-feira, 5 de maio de 2010

Contos Sujos - A sociedade - Parte 1


Era difícil encontrar o lugar. Apesar de ficar no centro de Big City, Mold demorou mais do que havia planejado para chegar até a entrada do edifício. Foi preciso descer a principal, passar por um pequena alameda e cruzar a esquina da 46. A entrada do prédio se revelou imponente, em uma rua aparentemente pouco movimentada. O símbolo estampado acima do portal chamava a atenção dos poucos que passavam por ali.

Um grande livro aberto, com uma grande moldura lateral dourada. A robusta porta estava fechada. Porém, havia uma espécie de guarita. Era necessário tocar a campainha para que a pessoa do lado de dentro percebesse que alguém estava do lado de fora. Mold estava pelo menos dez minutos atrasado.

Apertou o botão com força. Escutou um som abafado do outro lado. A guarita se abriu lentamente. Não foi possível identificar a face da pessoa que estava do outro lado. Uma voz grave e firme falou em tom de advertência:

-você está atrasado
-eu sei, isso não irá contecer novamente. Não consegui encontrar o lugar com tanta facilidade
-não se justifique. Qual é o número?

Mold procurou em seus bolsos o papel em que havia anotado o número. Havia sido advertido que sem o número, sua entrada seria bloqueada. Procurou e procurou. Encontrou o bilhete dentro de um dos bolsos de sua calça. Pronunciou em meio tom, para que outra pessoa que eventualmente estivesse perto daquele lugar não escutasse:

-o número é 213

A guarita se fechou. A porta começou um lento movimento lateral, deslizando da esquerda para a direita. Uma fresta se abriu, permitindo a passagem para o interior do edifício. Estava escuro. Até que o corpo de Molde cruzasse todo o portal, foi impossível ver onde estava caminhando.

Depois de dar dois passos para dentro do edifício, a porta moveu-se em sentido contrário, aumentando ainda mais a escuridão. Mold sentiu medo. Não sabia exatamente onde estava se metendo. Tinha poucas informações, mas sabia que tinha a opção de continuar ali ou sair.

Mas nem isso foi suficiente para confortá-lo. Depois que a porta se fechou, uma voz, como em um sistema de som, fez um pronunciamento:

-não sinta medo. Aqui niguém sente medo. Caminhe pelo hall de entrada, e quando passar pelo próximo portal entre em silêncio. Não faça qualquer intervenção. Quando sua vez chegar, você será comunicado.

continua...

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