sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Contos Sujos - Para Baixo - Parte 2

Tony continuou descendo a rua. No caminho parou em uma pequena mercearia e comprou alguns cigarros. Tinha pouco dinheiro no bolso, por isso pegou dois ou três apesar de saber que aquilo não seria o suficiente. Continuou caminhando, enquanto tentava acender um deles, lutando contra um vento que vinha no sentido contrário. Depois de muito esforço, conseguiu dar as primeiras tragadas.

Aquela altura da noite, o movimento ainda era grande no centro, mas as pessoas já buscavam a forma mais rápida de sair daquele lugar. A noite em Big City, e principalmente no centro da cidade, era triste e ao mesmo tempo muito sombria. Não era uma boa ideia ficar vagando por ali sem ter outro lugar para ficar até o dia amanhecer.

Enquanto pensava, já se aproximava da porta do bar. Alguns vagabundos estavam na porta fumando e bebendo vodka. A temperatura lentamente começava a cair. Tony entrou. Parecia bastante animado naquela noite.

O Neville era um bar conhecido, porém em franca decadência. estava ficando cada vez mais violento e mal frequentado. O ambiente se tornara pesadíssimo. Brigas eram comuns e quase diariamente alguém apanhava. Roney, o dono, era um velho, alto e bigodudo e ainda preservava parte dos músculos da sua juventude. Tinha fama de ter uma direita mortal. Ali, era o único que niguém não tinha coragem de encostar a mão.

Tony enconstou no balcão e falou com o velho que ajeitava o bigode enquanto arrumava as bebidas:

-e aí velhote, um white russian pra mim...

-você tem grana?

-não

-e quem vai pagar essa merda?

-eu vou dar um jeito de pagar o quanto antes Roney - Disse Tony olhando para o velho

O velho colocou suas mãos no balcão, apoiando-se e olhando nos olhos do homem do outro lado:

-é a última vez que vou vender algo sabendo que você não tem dinheiro. Se no fim da noite você não aparecer com a grana que me deve, eu quebro a sua cara

Tony considerou a proposta. Logo após, não conseguiu se segurar:

-vai preparar meu drink, velhote!

Roney foi para o bar separar os cubos de gelo, o leite e a vodka. Enquanto isso Tony observava o ambiente.

Continua...

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Contos Sujos - Parte 1 - Para Baixo

Tony havia bebido o dia todo. O trabalho já não tinha mais qualquer valor. Considerava tudo aquilo uma porcaria. A única coisa que ele queria naquele momento era um bom trago de vinho vagabundo e descolar alguma foda, coisa que para ele não era nada fácil. A vida noturna, o cigarro e a falta de exercícios físicos o transformaram.

Antes atlético e esportista nos tempos do colegial, agora tinha se tornado flácido e quase sem forças para pode fazer qualquer coisa. Seus cabelos já começavam a rarear no alto da cabeça, formando um buraco na parte traseira do crânio. Há algum tempo passou a odiar o espelho por conta das mudanças que seu corpo estava passando

Depois de terminar a terceira garrafa de vinho, decidiu trocar a roupa e se movimentar um pouco. Não iria conseguir mais do que um porre dentro daquele apartamento. Precisava caminhar e ver algumas bucetas na rua. Mesmo sabendo que tinha grande chance de voltar para casa sem nada, ele gostava daquele sensação de estar caçando.

Botou o velho jeans surrado e escolheu uma camisa preta. A barriga ficava marcada e já ameaçava escapar para fora da calça. Pegou um desodorante e passou rapidamente para tirar um pouco do cheiro vindo dos três dias sem banho. Tom estava perdendo gradativamente alguns hábitos. Colocou na cabeça que aquela porra toda de banho, perfumes, sabonetes era para gente de verdade. Ele já não se via mais assim.

A noite não parecia fria. Ele pegou um casaco leve e tomou a direção da principal de Big City.

Os carros passavam em alta velocidade. O centro de Big City não era exatamente o melhor lugar para se estar a noite. Ali era o principal ponto de encontro do submundo da cidade. Cafetões, putas, drogados e todo tipo de personalidade colocada de lado pela sociedade. Tony gostava daquilo. Certa vez, quando um engravatado na rua se recusou a dar uns trocados, ele gritou para homem:

-foda com sua porcaria de dinheiro!

Tony olhou para o fim da rua. Sabia que lá, descendo pela escuridão parcial do centro da cidade, encontraria um bom lugar para tentar a sorte.

Continua...


terça-feira, 27 de setembro de 2011

Culto e Grosso - Poltronismo

Recentemente a Islândia, um pequeno país localizado no norte da Europa realizou um grande avanço em termos democráticos. Após ir a falência por conta da ação irresponsável de bancos e especuladores, o país se viu obrigado a tomar uma atitude e aprende algo com o episódio. O governo decidiu reescrever a constituição com a ajuda dos cidadãos.

Para isso, a internet foi utilizada como meio onde as sugestões foram encaminhadas para que os representantes do povo pudessem montar o novo texto. Cada sugestão está sendo enviada pelo Facebook. As propostas que recebem o maior número de likes são encaminhadas para as assembléias populares. A ação é legítima, pois a maior parte da população do país está logada na rede social.

Outros exemplos foram vistos ao redor do mundo, como na Tunísia, na Líbia e em outros regimes em que o sistema político não conseguiu segurar a organização que começou em ambientes de discussão virtual, e acabaram gerando consequências no mundo offline.

O ponto é que nestes casos, as discussões e a mobilização do povo foram aspectos fundamentais para que mudanças realmente acontecessem. A realidade foi alterada a partir de movimentos que nasceram na rede, mas que tomaram as ruas e buscaram soluções para os problemas do cotidiano. O Poltronismo é o oposto disso tudo. Ele é a manifestação da revolta em forma de inércia.

O Poltronismo é o movimento que nasce no online e não tem qualquer desdobramento na vida offline. Ele não muda nada e não gera qualquer tipo de alteração na sociedade. Suas reflexões são superficiais e não passam de esboços de algo que poderia gerar alguma coisa. São marchas que não levam a lugar algum, twitassos que fazem muito barulho e logo depois caem no esquecimento total e muitas frases com capslock ligado que não possuem qualquer tipo de consequência.

O movimento é recente e é, em particular, sintomático por aqui, onde a passividade já é uma marca do nosso povo (infelizmente). A possibilidade de xingar muito no twitter apenas agravou uma situação que estranhamente, não deveria fazer parte do nosso cotidiano. Derrubar uma ditadura, ir para as ruas lutar por democracia são eventos pouco lembrados hoje e que em nada lembram o nosso passado.

Ao mesmo tempo somos afetados pela inércia do poltronismo que ofusca os olhos e faz com que nossos progressos sejam cada vez menores.


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Sujos Factual - De Volta


O Rock in Rio mais uma vez mostra o que é a força do Rock. Mais do que um estilo de vida, o rock é uma razão e um lifestyle. Durante a noite de ontem no Twitter, discussões inflamadas tentavam mostrar qual banda realizou a melhor apresentação no palco carioca. Surpreendentemente, muita gente se arrependeu de não ter comprado um ingresso para o dia do metal.

Durante a cobertura do evento, os profissionais mostravam um misto de perplexidade e de surpresa com o grau de envolvimento dos fãs com as apresentações. Durante uma das passagens da repórter da transmissão oficial, não houve qualquer necessidade de esconder o espanto com o público.

"Todos estão de camisas pretas e indo ao delírio" - foi a chamada para o texto.

Mesmo marginalizado e sem mídia o rock não perde espaço. É possível creditar isso a dois fatores: o nível de enganjamento dos fãs com suas bandas preferidas e a abertura que a internet possibilitou. A verticalização do conteúdo, modelo vigente até os anos 90 sofre um contínuo processo de enfraquecimento.

A pauta hoje foi hotizontalizada e quem produz o conteúdo é a própria aundiência. A influência dos meios de massa, mesmo que grande, já não tem a mesma força para ditar o que é ou não é mainstream.

Ao mesmo tempo, do lado de cá, o público está cada vez mais esperto e vigilante e não cai mais na mesma conversa mole e sem conteúdo de empacotados e enlatados jogados pela TV. O consumo do produto entretenimento está cada vez mais segmentado, exigente e orgânico, coisa que a internet consegue suprir com sobras. A TV, os jornais e as rádios ainda tentam encontrar uma maneira de competir, se é que existe uma forma de competição entre dois modelos tão distintos.

É neste cenário que o rock praticamente vem saindo do CTI do fim da década de 90 e volta com força total, totalmente conectado com as novas mídias.

Uma pesquisa interessante mostrou que os fãs de rock são considerados mais cultos, criativos e buscam mais informações a respeito do que gostam. Isso tem sido considerado inclusive no momento em que profissionais são entrevistados para vagas de trabalho. É apenas um sintoma, dentro de um nicho específico de que conteúdo relevante é um produto em franca valorização. E quem dita o que é ou não importante está de frente para o monitor.

O rock não morreu. Foi apenas abafado pelos sons de tamburins e letras pobres e foi penalizado por tentar competir em um campo onde as cartas já estavam marcadas. Agora, onde cada um pode buscar aquilo que gosta, o jogo já começa a mudar. É um cenário único para a revitalização de um estilo que ficou caracterizado como combativo, reacionário e revolucionário.

Por @biancocunha


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Imagem Suja - Cenas de uma revolução


O Chile segue o caminho dos países do norte da África e também passa por uma revolução. Mais uma vez, os estudantes unidos pelas redes sociais estão na rua em busca de melhores condições e acesso ao ensino superior no país. A reclamação é de que o setor já é lucrativo, o que faz com que grande parte da população fique longe da instrução superior.


















terça-feira, 20 de setembro de 2011

Sujos Factual - Qual é a sua Pornstar Favorita?



Uma indústria em que o grande capital é a porra. O assunto de hoje será a indústria pornográfica adulta profissional, setor da economia em franca expansão com a popularização da banda larga em todo o mundo.

Quem aí nunca deu um pulinho no Xvídeos? Ou não passou algumas vezes pelo pornskimo para ver uma daquelas peitudas num hardcore cruel no meio de uma madrugada chuvosa de sábado? Estudos mostram que embora as vendas de DVDs pornográficos tenham caído 22% no último ano, o uso da internet continua alto entre consumidores de produtos da indústria do cinema adulto (é bom deixar claro, não apenas homens, mas mulheres tambpem, com o soft porn) – e só tende a crescer. A indústria pornográfica movimenta US$ 13 bilhões ao ano. É muita grana para muita bimbada.

Porém, no meio disso tudo o empresário Larry Flynt, um dos magnatas do setor da porra está pedindo ao governo americano uma ajuda de US$ 5 bilhões para revitalizar sua máquina de fazer sexo.


O engraçado de tudo isso é que as pesquisas indicam que o consumo de pornografia na rede cresce em uma escala incrível. Porém, existe um desencontro aí: é que qualquer um pode consumir de graça, chegando com apenas alguns cliques, bem pertinho de sua pornstar favorita. É mais uma consequência brutal e grotesca de um mundo cada vez mais conectado e liberal, e escondido por trás de apelidos e máscaras na web. Indústria em expansão, mas com produtos pirateados e distruição livre em escala global, perceberam?

As mesmas pesquisas que indicam este crescimento mostram também que pessoas que possuem parceiros que consomem pornografia se sentem traídas, e consequentemente menos felizes. Vejam bem: antes disso tudo, as Playboys e G-magazines já rodavam pelas bancas e pelas mãos de homens e mulheres que queriam uma distração ocasional. Porém, parece que é a fartura e o fácil acesso que formam este sentimento de impotência diante da maré de porra encontrada na rede.


Hoje, outro vídeo com conteúdo de gosto literalmente duvidoso foi colocado à disposição na web, para quem quisesse assistir. O "sanduíche de buceta", vídeo que tem como protagonista uma garota passando maionese em seu orgão genital rodou pela internet, espalhando-se em uma grande onda de acessos por todos os cantos. O mais incrível é que provavelmente, os mesmos que se sentem lesados com os parceiros que consomem Lisan Ann e Katja Kassim provavelmente curtiram e compartilharam o conteúdo do vídeo.

Vai entender não é? O lance mesmo deve ser gozar.

Por @biancocunha

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Curto e Grosso - Você está pronto para o debate?

As redes sociais e a constante evolução da comunicação instantânea mudaram a forma de construção dos relacionamentos. De um lado estão os que defendem o avanço das relações humanas, resultado proveniente das facilidades que a tecnologia da informação tem colocado à nossa diposição.

Do outro lado, teóricos defendem que a alteração da nossa comunicação interpessoal pode levar ao isolamento das pessoas em suas microrealidades, já que o contato, o olho no olho já não são mais tão necessários.

As duas correntes apresentam pontos interessantes, vantagens e desvantagens. A discussão levantada aqui é a relação opinião x relacionamento.

Uma vez que não mais é necessário este tipo de contato, até que ponto as pessoas podem se esconder por trás de suas máscaras virtuais para defender seus pontos de vista? Ultimamente, alguns casos chocaram a imprensa nacional, com pontos de vista completamente desconexos da realidade, como no caso da estagiária de direito que agrediu verbalmente a população do nordeste brasileiro.

Outro que sempre tem visões polêmicas é o humorista e jornalista Rafinha Bastos. Tido como o homem mais influente do mundo no Twitter, o comediante sempre é alvo da ira de seus seguidores quando tem algo que é muito divergente da realidade.

Estes exemplos mostram que a opinião está se tornando tão ou mais importante do que a responsabilidade do emissor quanto ao que é dito. Valendo-se da efemeridade da internet e da rapidez com que a informação se espalha e some, cada vez mais as pessoas não se preocupam com o significado daquilo que dizem olhando apenas para a necessidade de se fazerem presentes.

A relação disso com os relacionamentos é que o maior número de conexões na atualidade é capaz de gerar um efeito catastrófico em forma de onda, viralizando todo tipo de opinião. E aqui é importante ressaltar a capacidade de aceitação das críticas, algo hoje em total escassez no mercado da informação.

Os egos megainflacionados pelos números de amigos nas redes fazem com que o sujeito tenha um falso compromisso com o que já foi dito. A pena para quem repensa uma opinião pode ser uma severa debandada em seus seguidores.

É interessante pensar, dentro de todo este texto, no seguinte ponto:
Você está preparado para a discutir?

Baseado na obra de Hunter Thompson, vem aí mais um filme com Jhonny Depp. Só pelo enredo e por ser parte do trabalho de um grande autor e ter o cara no elenco, podemos esperar muito. Se você sabe um pouco de inglês, curta o primeiro trailler oficial:


sábado, 17 de setembro de 2011

Imagem Suja - 3%

Em um post bem antigo, mencionei que brasileiro não era capaz de produzir uma boa série. Uma série que seja capaz de realmente manter a atenção em torno da trama e que se sustente com qualidade. Esta afirmação foi finalmente desmentida depois disso. O nome desta série é "3%". Veja e comprove:


O único problema nesta caso é que apenas três episódios estão prontos. Os produtores ainda estão em busca de apoio para a produção do restante da temporada. Outros dois capítulos estão disponíveis no Youtube. Se conseguirem, podemos esperar finalmente um grande trabalho nacional neste formato.

Continua...
Por @biancocunha

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Contos Sujos - A Proposta - Parte 3


David sentou e começou a digitar rapidamente. Colocou todos os documentos de lado e se concentrou. Em pouco mais de cinco minutos já estava com tudo pronto. Leu o conteúdo da mensagem três vezes para ter certeza de que estava sendo convincente. Sabia que se não conseguisse gerar o efeito esperado, sua vida se tornaria um inferno. Disparou o e-mail.

Não foi preciso mais do que cinco minutos para que o resultado aparecesse. O gerente geral do escritório o chamou para uma conversa reservada. Todos acompanharam atentamente cada movimento. O gordo veio correndo do fundo da sala, quase perdendo o ar. Parou, recuperou parte do fôlego, e falou:

- o que você fez? Você não fez uma coisa imbecil, certo? Ou fez?

David falou sem expressão:

-talvez. Vou descobrir agora.

-você não pode ter feito uma besteira, você é meu único amigo aqui, se você for embora, vou ficar com o pavão, aí eu mato esse filho da puta.

A palavra “amigo” ficou com um eco quase ensurdecedor na cabeça de David. Ele nunca havia escutado isso, desta forma. Sentiu-se desconfortável. Virou-se, e caminhou em direção a sala da direção. Abriu e a porta, e um homem o esperava. A sala estava tomada de fumaça de charuto. O cheiro era insuportável. O diálogo foi curto:

-é uma proposta muito boa

-eu sei – David respondeu com firmeza

-tenho visto o seu trabalho. Seus resultados são excelentes. Quero que você assuma a coordenação da área – disse o homem agora olhando por entre as persianas para o escritório

-logicamente terei um ganho financeiro

-logicamente – afirmou o homem com segurança

David deu um leve sorriso. Parecia que os problemas estavam resolvidos.

Continua...
Por @biancocunha

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Contos Sujos - A Proposta - Parte 2


Os dois voltaram para o escritório. Na cabeça de David, a única forma de romper com aquilo era sair do escritório. Ou quem sabe subir na hierarquia, colocando o pavão em uma posição inferior. E claro, ele sabia que aquele infeliz seria incapaz de sugar suas bolas.

Enquanto o gordo caminhava em direção a mesa, burburinhos e risos eram vistos por todo o escritório. David conseguiu entender o que se passava quando abriu o e-mail. Uma foto mostrava "o rabo" de uma pessoa obesa sentada em um ambiente de trabalho. Uma fenda gigantesca, com cabelos fartos nascia de dentro da calça, claramente apertada e desconfortável. Era a bunda do gordo.

Não foi preciso mais que alguns segundos para que uma reação oposta acontecesse. Lá do fundo do escritório, o gordo se levantou e falou:

-filho da puta, pavão filho da puta!

As risadas aumentaram. Todos não conseguiam se controlar. No centro, o pavão se manteve imóvel, como se nada estivesse acontecendo. Continuou digitando, enquanto o gordo se aproximava por trás, em um esforço tremendo para chegar o mais rápido possível ao local onde ele estava. Logo que se aproximou, o homem, ofegante, disparou:

-eu te mato - disse nervoso e suando
-como assim amigo, eu não fiz nada para você - enquanto falava, balança as mãos para um lado e para o outro despretenciosamente
-eu sei que foi você. Eu vou te processar seu merda - falou o gordo nervoso

O pavão se levantou e deu um saltinho. Caminhou leve para frente. Virou-se e voltou como em uma cena de teatro. Apoiou-se em uma cadeira. Cruzou as pernas. fez um movimento rápido quebrando a mão e começou a falar, pausadamente:

-sabe, meu, meu... amiguinho... você não pode me acusar de nada. Ou melhor, eu não fiz nada. Este e-mail nem partiu da minha conta, sabe. Veja bem, eu até posso processar você e ganhar uma grana sabe... um grana, para tipo assim, ficar um tempo em casa, enquanto sua bundinha, ou melhor, sabe, bundão continua aqui, suando e trabalhando nos relatórios... eu se fosse você voltaria a trabalhar, e deixaria isso assim, do jeito que está, sabe... é uma história "cabeluda" - falou o final dando um sorriso malicioso. O pavão sabia que estava certo.

O gordo olhou a tela do computador do pavão. Olhou a conta que havia disparado o e-mail. Era uma conta de e-mail qualquer. Ele estava blefando, mas não havia como provar o contrário. David olhou o homem, voltando derrotado para a mesa, enquanto os outros continuavam com gargalhadas, agora sem qualquer pudor. A única coisa que ele pensou foi: isso tem que acabar.

Continua...
Por @biancocunha

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Contos Sujos - A Proposta - Parte 1


O ambiente do escritório era insuportável. O trabalho consumia cada gota de sangue de David. Ao mesmo tempo o Pavão continuava dando os seus shows rotineiros. Pulinhos e saltinhos, com gritinhos no espetáculo horrível que sugava gata gota de esperma de quem tinha algum poder. Ao redor, todos continuavam rezando pela cartilha da diplomacia, sob a pena de serem jogados na fogueira no menor deslize.

David olhou para o fundo da sala. O gordo suava. Passava o lenço completamente molhado pela testa, tentando secar um pouco do líquido que pingava pela mesa. Parecia que teria um infarto a qualquer momento. Foi necessário apenas um rápido contato visual para que os dois se entendessem. David se levantou e tomou o caminho da cozinha. O gordo veio andando, esbarrando em cada mesa, dando passos apressados na mesma direção. Quando o sujeito chegou, David já tomava um café. Descia amargo, mais amargo em cada dose.

-o pavão vai continuar sugando o nosso sangue enquanto continuarmos sem falar nada. Eu vou quebrar esse filho da mãe... eu preciso só que ele venha para o meu lado, eu preciso só que ele balance esse rabo, filho da mãe.. - o gordo disse tentando achar algo para beber.
-você não vai fazer nada - disse David calmamente

O gordo mudou a expressão do rosto. Sua face ficou tensa. Logo, recomeçou a falar:
-acha que não sou capaz de fuder com esse pavão? Acha mesmo que não posso fuder com ele, com você e com toda essa merda?

David tomou um gole longo de café, e voltou a falar:
-você não vai fuder com ninguém porque você está preso nessa merda toda

O homem parou. Por um momento parecia estar desarmado, desamparado. Sabia que aquilo era verdade.

Continua...
Por @biancocunha

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