sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Contos Sujos - O Jardim dos Sonhos - Parte 6


Este conto é uma continuação da semana passada. Recomendo os links no final do texto, para você, leitor do blog, que deseja acompanhar. Boa Leitura!

O carro foi se aproximando cada vez mais da escuridão. Ao mesmo tempo, a chuva passava lentamente. O barulho dos trovões também ficava cada vez menor. Porém, o carro parou. As rodas continuavam rodando, mas o veículo não esboçava qualquer tipo de movimento. O mendigo Japhy iniciou um novo diálogo:

-aqui é o lugar que eu fico. Você terá que ir a pé
-mas como? - indagou Billy
-a caminhada até a entrada é curta. Você não terá dificuldades. Siga a estrada que logo você verá o portão. Estarei aqui, se quiser voltar...

Billy desceu do carro. Nem se preocupou em responder. Sabia que daquele lugar em diante, seguiria sozinho. Sua caminhada seguiu na escuridão da noite. Mas o tempo parecia estar mudando novamente.

A lua apareceu forte e rapidamente iluminou o caminho com uma luz forte. A ar ficou mais leve, e uma brisa suave soprava. Depois de pouco mais de 10 minutos andando em meio a lama e ao barro, ele viu algo que imaginava, mas não tinha idéia de como exatamente seria.

O portão do Jardim estava logo à sua frente. Parou. Examinou. Era óbvio que naquele momento iria vacilar. Quantos homens um dia pensaram em ver seu sonho cresecendo. Ou não. estava pronto, por isso, o passo que deu foi firme, seguido de um após o outro.

Na entrada nada mais que um portal. Sem enfeites, ou firulas. Mas ainda sim parecia um lugar abandonado. Sem conservação. De cada lado, nasciam todo tipo de vegetais e plantas. Eram os sonhos, que cresciam amontoados, juntos. Parecia desorganizado, mas não, existia alguma lógica ali.

Billy se sentiu perdido. Como saberia qual seria seu sonho? Onde ele estaria? Sua caminhada seguiu como se algo lhe dissesse que o que procurava estava no interior do jardim. Todas as plantas lhe pareciam igualmente bonitas.

Todas cresciam belas, e o luar que iluminava o lugar passava uma sensação de serenidade tal, que era impossível não achar aquilo tudo belo. Enquanto caminhava, percebeu um movimento. Sentiu-se assustado e não soube bem o que fazer. Mas ainda sim continuou. Se aproximou da figura. Era o jardineiro.

Num lugar em que a terra parecia ser mais fraca, ele plantava uma semente. Quando ambos se deram conta do quão estranha era a companhia um do outro, se viraram e se analisaram. Billy tremeu.

O jardineiro não tinha rosto. Sua face era lisa. Mas de algum lugar vinha a voz que perguntou ao visitante:

-o que está fazendo aqui?

Billy vacilou.

-não é necessário que me dê uma resposta. É uma pergunta retórica. Sei o que quer ver

O jardineiro se afastou da terra onde estava. Ali uma semente era tratada cuidadosamente. Billy sabia do que se tratava. Não soube o que fazer. O jardineiro continou:

-você sonhou algo grande. O bem de todos. Algo maior que qualquer pessoa possa realizar sozinha. Você sonhou em melhorar as coisas. E fazer os ruins se transformarem em bons. Em transformar, mudar. Em mostrar o quanto a vida é simples, mas ao mesmo tempo complexa. É um sonho difícil de ser plantado e de ser vivido.

Billy ficou sem reação. O homem sem face continou:

-ela só irá crescer, se você acreditar. Sei que suas forças estão terminando. Mas depende apenas de você. Não posso assumir outra responsabilidade que não seja a de plantar.

Novamente Billy ficou estático. Seu sonho estava crescendo. Pensou em uma única coisa naquele hora:

-preciso acreditar. De algum jeito, eu preciso acreditar...

Se você não leu as três primeias partes deste conto, leia, e acompanhe até o fim desta semana
o desfecho do
Jardim dos Sonhos:

Parte 1
Parte 2
Parte 3

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