segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Cultura Suja - “O Povo Brasileiro” de Darcy Ribeiro


Tudo começou quando os portugueses chegaram ao Brasil e começaram a traçar as índias.

Com seu espírito ibérico e aventureiro, e ainda por cima sem a presença de uma instituição católica sólida, praticaram o fornicamento em massa como forma de aliviar a frustração sexual advinda dos milhares de quilômetros de distância de Portugal, sem suas mulheres brancas.

É claro que isso foi também uma forma de povoar o que seria o futuro território brasileiro, antes que ele caísse nas mãos dos espanhóis.

Analisando as raízes da colonização brasileira, Darcy Ribeiro nos mostra em seu livro “O Povo Brasileiro” como se formou nosso povo, como surgiu o sentimento de “brasilidade” que nos faz sentir parte da mesma nação e como a realidade sócio-econômica do país está relacionada com 1500.

Através de uma linguagem extremamente didática e prazerosa, o autor nos faz refletir a respeito da miscigenação da qual praticamente todos nós somos originários. Não tem dessa de falar que você é italiano, espanhol, português, alemão, judeu, etc. Você é brasileiro, porra! A não ser que você more numa comunidade fechada do Rio Grande do Sul.

É isso que Darcy nos mostra com seu livro, que resultou de uma vida inteira de estudos antropológicos.


A partir desta conscientização muitas coisas se encaixam em nossas cabeças. Entendemos o porquê de a cor da pele escurecer cada vez mais à medida que adentramos os subúrbios e favelas do país.

Entendemos como as disparidades se originaram a partir do empreendimento colonial, com a concentração das terras nas mãos de latifundiários, e se reproduziram em todas as regiões do Brasil, criando uma eterna alternância entre “opressor” e “oprimido”. Os favelados de hoje foram os escravos, sertanejos, caipiras, caboclos e sulistas de ontem e a maioria de nós, desde o negro pobre ao branco latifundiário, é descendente de portugueses ou mestiços que comeram negras e índias.

Isso mostra como, apesar de tantas diferenças no fenótipo, pertencemos a mesma etnia. Serve inclusive para questionar sistemas como o de cotas, onde se tenta rotular uma pessoa como negra num povo que se originou desta etnia. A verdade, infelizmente, é que a definição de negro no Brasil ultrapassa a genealogia e atinge o campo social.

Aqui só é visto como negro quem, além de ter a pele escura, é pobre. Os negros foram todos alforriados, mas as amarras da marginalidade e do apartheid social ainda não foram desatadas.


Indico este livro para você que quer aprender a respeito da etnia brasileira. Todo brasileiro tem que lê-lo, até por uma questão de valorizar a cultura nacional e conhecer a História que foi contada de modo superficial nos livros de Ensino Fundamental e Médio.

Você encontra uma versão Pocket da obra nas livrarias e o E-book na internet. Talvez na biblioteca pública desfalcada mais próxima a sua casa você também ache um exemplar. Tem ainda o documentário baseado no livro, com a participação do próprio Darcy Ribeiro, Chico Buarque e grandes nomes das Ciências Sociais.

Arthur Viggi

Um comentário:

  1. Amigo, quanto ao "brasileiro, porra!", todos nós somos, pois tal palavra refere-se à cidadania. Quanto à etnia, não somos todos miscigenados, fale por você.

    Possuo orgulho da minha ascendência exclusivamente britânica e digo-lhe que existem vária comunidas fechadas no Sul do Brasil e nas serranas do Sudeste. Queremos conservar o nosso patrimônio genético e cultural, pois o Brasil é caracterizada pela presença de várias culturas, incluindo a branca/européia. Não gostou? Processe a Biologia.

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