sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Contos Sujos - Quente Solidão - Parte 2


Se você não está acompanhando este conto, a primeira parte está logo aqui em baixo. Se está manda bala na segunda!

Do outro lado da linha, uma voz perguntou:

-Alec? Alec? me responde cara, to tentando falar com você durante todo esse tempo... eu não sei.. o que você ta fazendo Alec, você ta me escutando? Me responde porra, to desesperada pensando que você morreu. Já faz uma semana... tá todo mundo perguntando. O que tá acontecendo Alec? Me fala, preciso te ver cara, me fala...

Alec desligou o telefone. Tentou se concentrar novamente. Segundos depois o barulho irritante do telefone recomeçou. Era Jane. Insistente. Alec pensou em não atender. Mas era óbvio que a mulher estava desesperada. Se ele não atendesse, ela poderia, em alguns minutos, estar ali na porta dele, esmurrando desesperadamente para entrar.

Preferiu não correr o risco. Atendeu o telefone. Desta vez falou. Mas sua voz parecia a de um morto, sem vida, sem qualquer tipo de sentimento. Saiu seca, dolorida:

-olaaá... - falou prolongando a última sílaba, mas foi interrompido
-seu filho da puta! eu tô desesperada preocupada com você e você bate o telefone na minha cara? Seu escroto! O que que você tem dentro dessa cabeça hein? Você me come, faz o que quer e... porra! Você quer que eu vá aí na hora que sua pica quer é? Isso acabou aqui... - ela falou aos berros, engolindo sílabas e cospindo outras tantas

Foi Jane quem bateu o telefone desta vez. Mas Alec não se sentiu aliviado. Sabia que o telefone ia voltar a tocar. Ou que na pior das hipóteses, a porta dele seria derrubada a socos e ponta pés.

Concentrou-se novamente e voltou para dentro de si. Conseguiu pensar durante mais algumas boas horas sem sem incomodado. O episódio do telefone pareceu até bom. A concentração aumentou e o cansaço parecia apenas um detalhe pequeno.

Mas o que Alec pensara, havia se confirmado. No início da noite, o telefone tocou novamente. Era Jane. Parecia estar arrependida do que tinha feito. Aquilo preocupou Alec ainda mais. Aquela conversa tinha tudo para ser longa. E ele ainda tinha muito o que pensar.

Continua...

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