sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Contos Sujos - Quente Solidão - Parte 1


O telefone celular tocava sem parar. As janelas estavam abertas. O vento gelado do inverno de Big City entrava congelante. Alec estava no meio da sala, sem camisa, de frente para uma das janelas, em silêncio, pensando. Já tinha uma semana que estava na mesma posição de meditação, sem esboçar qualquer reação. Sem ir ao banheiro cagar. Sem deixar de se concentrar. Mas o telefone não parava.

Alec sempre fora sozinho. Não que não gostasse de gente. Na verdade gostava é da solidão, e tinha necessidade em mante-la viva. Sempre achou que as pessoas demandavam muito tempo com amenidades tão bobas que não valia a pena se esforçar para compreendê-las. Naquela semana, havia tomado uma decisão. Não faria outra coisa, a não ser pensar. Deixou tudo. O escritório, os compromissos, tudo.

Do ouro lado da linha, Jane insistia. Já havia perdido as contas de quantas vezes havia tentado falar com Alec. Os dois estavam envolvidos. Ou Melhor, Jane se envolvera primeiro. Alec não sentia nada além de tesão. Quando perguntado sobre amor, e sobre essas baboseiras, tinha sempre a mesma resposta:

-cara, o homem do lado de uma mulher vira um saco de bosta, como dizia o poeta. Você pode ter tudo cara, pode ter tudo... porra, mas você quer é virar um sacode bosta? Prefiro tesão cara, tesão saca? aquela parada dura, você va lá, e faz...

O telefone seguia tocando sem parar. Aquilo realmente começara a atrapalhar os pensamentos de Alec. Pensou em pegar aquela merda e jogar pela janela. Mas foi impossível continuar Não conseguiria se concentrar novamente. Saiu do transe. Olhou pra o telefone. Esticou o braço e atendeu.

continua...

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