sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Cultura Suja - Como a Geração Sexo, Drogas e Rock N’ Roll salvou o cinema



Prefiro nem imaginar quanto trabalho o autor Peter Biskind teve para produzir o livro “Easy Riders, Raging Bulls”, que no Brasil tem o sugestivo nome “Como a Geração Sexo, Drogas e Rock N’Roll salvou Hollywood”. A partir de incontáveis entrevistas com as mais diversas personalidades da indústria do cinema – atores, diretores, produtores, executivos – o autor reconstruiu a atmosfera efervescente da Los Angeles dos anos 60 e 70, revelando as já tradicionais figuras do cinema de forma inusitada.

Meu primeiro susto foi com Dennis Hopper. O astro de “Sem Destino”, filme que por sinal deu nome ao livro, é retratado como um verdadeiro maníaco. O cara batia na mulher, bebia compulsivamente, usava todo tipo de drogas. “Como esse cara conseguiu viver tanto tempo?”, eu pensei enquanto lia o livro. É a partir deste clima hippie que Peter começa seu livro, contando como a geração das décadas de 60 e 70 subverteram a retaguarda hollywoodiana, reinventando o modo de fazer cinema e, sobretudo, o conteúdo das películas.



Além de reconstruir meticulosamente o cenário da indústria cinematográfica, Biskind expôs as personalidades (com seus defeitos) de cada figura marcante destas duas décadas, seja ela ator, diretor, produtor, hippie ou serial killer. E é claro que ele também esmiuçou os clássicos de caras como Coppolla, Scorsese, Spielberg, George Lucas, Hal Ashby e Mike Nichols, sempre documentando o processo de produção e criação das películas, as brigas entre produtores e diretores e as fofocas mais quentes de suas vidas pessoais. O livro todo é regado a sexo, drogas e, quando sobra tempo, rock n’roll.

Através de incessantes citações, todas catalogadas, Peter Biskind mostra como é que se faz jornalismo literário de qualidade. E o melhor de tudo é descobrir que nossos ídolos do cinema são pessoas como nós, talvez apenas um pouco mais ambiciosas. Dennis Hopper era um maluco; Spielberg, um nerd; Coppolla, um gordinho mulherengo. É como diz uma crítica da Time Out: “Uma leitura fantástica. Cheia de informações tão ousadas e obscenas, que Peter Biskind deve ter um belo time de advogados.”



Arthur Viggi

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