segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Culto & Grosso - Não é toda mãe que é Maria








“Ave Maria, cheia de graça,
o Senhor é convosco.
Bendita sois vós entre as mulheres,
e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus,
rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte.
Amém.”

 Você pode ser bem cabeça aberta. Mas ainda sim, admita: no nosso inconsciente a maior virtude de uma mulher é sua santidade. Quanto mais santa, melhor. Esse desejo por mulheres cheias de graça (aqui não é bossa nova) é justificável pela raiz cristã da nossa sociedade. A religião pode ter perdido sua força no discurso e vida de jovens, mas a moral cristã ainda reina.

 É pecado levantar a voz contra o pai e passagem direta para o inferno duvidar do amor de uma mãe. A família é o sagrado maior, ao qual, não se pode contestar. Profanar a família é coisa que choca até mesmo nossa juventude atéia e agnóstica.

A família é, sim ,uma instituição social importante, mas o invólucro instintivo - que nem mesmo a razão esclarecida se permite atravessar – torna o seu papel altamente restritivo e nocivo aos indivíduos.

O amor entre pais e filhos é, felizmente, quase que inevitável, o que lamento é a automatização desse amor em obrigações. Uma autoridade paterna que necessariamente precise machucar, uma identidade feminina que não possa odiar o seu filho por um segundo, um filho que tenha que ser bom para os dois mesmo que eles não mereçam.

Nem toda mãe é Maria, e nem toda a mãe deveria tentar ser. Mães são humanas e imperfeitas, são cruéis e egoístas tanto quanto qualquer outro ser humano. Qualquer mãe que se sacrifique por seus filhos, tem em si que é o certo a se fazer, mesmo que isso seja contrário a todas suas razões.
 Quando agem mal, na educação cristã, há a culpa. Não fosse a culpa, talvez as mães pudessem ser mais sinceras, mais humanas. Mães, que apenas cumprem o seu papel, fazem da relação com um filho um grande sofrimento para ambos. Assumem para si responsabilidades de Ave Maria, com a diferença que não estão prontas para verem a morte de seus filhos, sacrificando à sua própria vida na intenção que os filhos possam viver em Paz, porém, podem ser literalmente o inferno para eles. 

João Ninguém
@jaoninguem

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