Havia cheiro de chuva no ar. Só quem já pegou a estrada e colocou o dedão para o alto esperando por uma carona perdida no meio do nada sabe o que isso. O ar fica abafado, pesado e você sabe que em algum momento a água vem para limpar a terra em um rotual puro, selvagem e claro inspirador. É engraçado como que nas cidades as pessoas buscavam todas as formas de proteção contra aquela água.
Capas, guada-chuvas, pequenas bolhas que impediam que o líquido da vida tocasse seus corpos. Neil não conseguia compreender isso. Já não era um novato nas estradas. Tinha pego caronas de costa a costa. Sabia exatamente que a estrada era generosa com aqueles que a respeitavam, mas era traiçoaeira com aqueles que se julgavam mais fortes. Em cada caminhada ao longo das grandes rodovias, pensava muito. Isso foi um problema no passado, mas agora não, agora ele sabia que tempo era o que ele mais tinha.
Depois de ter saído de Big City, Neil começou a enxergar a porcaria de vida que levava. Não conseguiu acreditar no tempo que passou alimentando as tetas daqueles idiotas. Ficou preso dentro daquele escritório, trabalhando como um burro por conta de alguns trocados que mal davam para curtir um pouco. Fora que Big City é uma cidade cruel.
Como diz a música, naquele lugar não há amor. Só ha ganância, podridão e insetos que tentam sobreviver ao que existe de pior no ser humano. O sol brilhava forte no alto, mas nem aquilo incomodava Neil. Quando levantou o dedão, um velho Cadillac parou. Era um bom sinal.
Continua...
domingo, 6 de novembro de 2011
Contos Sujos - Parte 1 - Roadster
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