terça-feira, 1 de junho de 2010
Música Suja - Deu branco no samba!
O aburguesamento do samba assim como várias outras expressões de cooptação e CU...ltificação da música de raiz é papo batido. Entretanto, façamos uma pequena reflexão sobre o aspecto pedante, vazio e mulherofóbico ou mulherofáltico imanente ao neomalandrismo carioca e, também, periférico.
Como toda relação social pautada por uma dogmática, no neomalandrismo sambístico, a citação dos “profetas” do meio é constante e absolutamente passível de aquiescência e louvor; exemplo:
Indivíduo X: - Essa música é do Noel Rosa, genial !
Amigos do indivíduo X: - Genial, Noel é gênio mesmo, poeta, nobreza do samba!
Pronto! Como o fanatismo religioso, este tipo de discurso pré-fabricado permeia o diálogo neomalandro e morre na superficialidade da moda, sem maiores apreciações ou um mergulho verdadeiro na alma do samba.
Reificado, pois, o samba (de raiz, porque o resto é um lixo, conforme a “malandragem”) em sua essência, geografia, morenidade, molejo e mulatidão subsume-se à lógica de um modernismo anacrônico e ufanista, absolutamente fake e superficial.
É como se o rebolado brasileiro fosse vertebrado por uma cintura metálica, cibernética, descartável, simulada e, por que não, dissimulada.
Seria tamanha ingenuidade nossa, porém, uma interpretação estanque da cultura. Deu branco no samba! E branco “do bão”, convenhamos!O grupo Casuarina, Diogo Nogueira, dentre outros, enriquecem,deveras, nossa música.
E há muita gente na lapa que manja de samba, há muito frequentador das rodas que sabe o que faz por lá, rola um feedback sincero e tudo mais. O risível,todavia, é o fenômeno neomalandrista.
Esse monte de bamba leite com pêra, com seu molejo de condomínio e conhecimento rítmico via Wikipedia, que invade a cena de classe média com seu ethos soberbamente vadio.
O coração leviano – coitado do Paulinho – a alma de plástico e a estética combinada agarrou desta vez no samba. Saibam, caríssimos, identificar os focos de neomalandragem para que possam desvencilhar dessa patota chata e artificial. Afinal, malandro é malandro e mané é sempre mané, não adianta!
Carlos Carvalho
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É estranho como o mundo dá voltas, daqui a pouco o funk também vai ser reinventado e cantado pelo topo da cadeia alimentar brasileira...
ResponderExcluirMeu caro, análise perfeita, só não posso concordar que haja fator positivo com Diogo Nogueira, aqui no Rio pude acompanhar nas rádios a barra que se forçou pra esse cara colar, é samba pré-fabricado. Longe da essência de lamento sincero que o Mestre Paulinho Cesar Pinheiro exige do samba de verdade. Ou, como canta Vinícius, "fazer samba não é contar piada, quem faz samba assim não é de nada". Casuarina sim, traz a jovem lapa sem a artificialidade, o samba renovado.
ResponderExcluirAbs,
Parabéns pela versatilidade da coluna do punk ao samba!
Valeu pela moral João!Fico lisonjeado com vosso comentário. A menção ao Diogo tem muito a ver com a herança e o meio em que foi criado. Vai além da música. É um cara cria da bamba pura.
ResponderExcluirMas concordo com a barra forçada pelas rádios, sem dúvida!
Abraço camarada!