quinta-feira, 6 de maio de 2010
Contos Sujos - A sociedade - Parte 3
Se você não está acompanhando este conto, as duas primeiras partes estão logo aqui em baixo. Se está manda bala na última:
Novamente houve silêncio. Mas houve também dúvida. O homem ficou sem ação. Não sabia o que pensar. Alguns minutos de um silêncio perturbador e doentio se passaram. Mold estava se sentindo mal. O ar estava abafado. O clima pesado. Por fim, veio a resposta:
- que a verdade venha a mim – disse o homem, depois de um longo suspiro.
- que a verdade seja revelada - ordenou o cerimonialista
No meio do salão um aparelho de TV revelou-se. Um assistente do grão-mestre inseriu um disco. Uma filmagem amadora se iniciou. Nela, uma mulher jovial corria para os braços de um homem dando um beijo longo. Após, a edição deu um salto, indo para um quarto. A mulher lentamente tirou a roupa, enquanto o homem se masturbava na beirada da cama. Ele preparou-se para penetrá-la. Não houve tempo.
Antes que a cena fosse exibida, o homem que estava sentado diante do aparelho levantou-se, e com um chute violento golpeou o televisor, que foi ao chão. Com outros pancadas terminou de destruir tudo. Quem estava no vídeo era sua mulher, com o suposto amante. O grão-mestre se pronunciou:
-tens a verdade. Agora faça algo que a torne útil.
O homem parecia não estar satisfeito. Fora de si, gritou:
-alguém entrou naquele quarto para filmar! Me dê a verdade! Disse que me daria a verdade, e eu a quero por inteiro! Agora!
O grão-mestre levantou-se. Sereno. Impondo-se. Com um aceno de mão, uma luz iluminou um dos presentes. Era o homem do vídeo. O sujeito ficou furioso.
-seu filho da puta, eu te mato! - esbravejou transtornado
Antes que avançasse, outros dois presentes o seguraram. O líder deu suas últimas palavras:
-conhece as regras. Sabe o que acontecerá caso encoste em um co-irmão para agredi-lo. A verdade está no ato, e não em quem o praticou. Ela quis. E você já sabia disso antes. Isso tudo foi apenas para lhe mostrar a verdade. Agora use-a e mude isso, o quanto antes.
O homem se alcalmou. Havia algo mais ali que estava nas entrelinhas. Mold não conseguiu identificar. Mas sabia que em pouco tempo, iria descobrir.
*Este conto é uma paráfrase da obra de Stanley kubrick "De olhos bem fechados". O ambiente em questão é o representado na película.
*Peço desculpas aos leitores pelas duas semana sem Contos Sujos. A intenção é publicar sempre um a cada semana, e é com este objetivo que tenho trabalhado.
Marc Balender
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