segunda-feira, 26 de abril de 2010

Culto e grosso-Lirismos bundão, comigo não!


Estes tempos atrás eu estive farto do lirismo comedido, bem comportado. Dei o meu uivo poético aqui, n'Os Sujos. Há muito tempo atrás, Bandeira também estava farto do lirismo comedido, bem comportado. Ele queria o lirismo dos loucos, dos bêbados e dos clowns, o lirismo da libertação. Leiam agora o uivo de Bandeira, e se ainda não leram, o meu também está aqui:



Poética

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

Manuel Bandeira
(1886-1968)

sábado, 24 de abril de 2010

Cultura Suja - Apartheid: de Orgulho Nacional a Crime Mundial

Este ano foram indicados ao Oscar 2 filmes com uma temática comum. “Invictus”, mais novo trabalho de Clint Eastwood, é um filme bem esclarecedor e muito bem dirigido, o que já era de se esperar. A trama é contextualizada na África do Sul pós-apartheid, com Nelson Mandela assumindo a presidência e incentivando o time nacional de rugby, majoritariamente branco, a se fortalecer para a Copa do Mundo e criar uma reconciliação simbólica entre brancos e negros.


O outro filme trata-se de “Distrito 9”, de Neil Blomkamp. Metaforicamente, a obra faz referência ao apartheid através de alienígenas que chegam a Terra, e não tendo como voltar, são confinados em um território restrito, recebendo um tratamento descriminatório. Ótimo filme, por sinal; uma ficção científica com formato de documentário e ainda com um pano de fundo político.



A protagonização de Nelson Mandela como herói nos cinemas é algo que nos deixa orgulhosos. É o tipo de coisa que te faz pensar que afinal o mundo não é um lugar tão ruim assim. O reconhecimento e o sucesso de astros como Morgan Freeman, Will Smith e Denzel Washington e políticos como Barack Obama parecem afastar a idéia de apartheid social atualmente. Enquanto em 1915 foi produzido o filme “O Nascimento de uma Nação”, glorificando a segregação e incentivando o reaparecimento da Ku Klux Klan, hoje em dia atores negros ganham o Oscar, como na noite em que Denzel Washington e Halle Berry levaram a estatuteta, junto com o prêmio honorário dado a Sidney Poitier.


Conquistas como essas devem ser repetidas em outros campos. Fora de Hollywood, a realidade não é tão animadora. Se por um lado não temos mais tanto preconceito racial, socialmente e economicamente a situação ainda pode melhorar muito. A educação de qualidade é prioridade. E não é com o sistema de cotas que isso vai se resolver, primeiramente porque a classificação de “negro” ou “branco” é muito subjetiva, principalmente no Brasil. De qualquer forma, os nossos antepassados negros ficariam felizes em ver que a luta gerou resultados que eles sequer sonharam. Mas o sonho não acabou.

Arthur Viggi

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Cultura Suja - O Saber Incalculável

A Coluna Cultura Suja abre fora de hora para fazer uma homenagem.

O maior legado que alguém pode deixar é a lembrança. As vezes nos perguntamos qual é a nossa função na Terra. Acredito que lutar por alguma coisa que faça sentido, ou lutar na busca por um sentido é o instinto que nos mantém esperançosos. O valor da lembrança é muito maior que o valor da riqueza. Pessoas muito queridas que perdemos são a prova de que se você se entrega a um determinado propósito e se dedica a este mesmo, está deixando um legado não material e misterioso que ao mesmo tempo alegra e entristece os herdeiros, devido ao buraco imensurável da saudade.

As vezes nos perguntamos o que será de nós quando chegar a nossa hora, mas não perguntamos o que será de nós quando chegar a hora do próximo. Nos prendemos tanto a vida que não conseguimos enxergar a beleza dos que nos acompanham e a falta que essas pessoas fazem. Quando perdemos tais pessoas, temos aquela sensação de que aconteceu cedo demais e que devíamos ter sido mais afáveis ou ter nos alegrado mais com a simples presença delas.

É impressionante como a vida pode ser tão longa e ao mesmo tempo tão breve. Quando vemos uma pessoa trabalhando e se dedicando ao máximo ao seu propósito, nunca nos passa pela cabeça que tudo pode acabar em poucos segundos. A vida é assim: ingrata, insolente, sem sentido e sofrida. Ao mesmo tempo, é maravilhosa, bela, sorridente e gratificante. No final tudo se resume ao seu legado. Dizem os céticos que a função dos seres humanos é se manter como espécie. Mas isso esta dentro do mensurável.

O imensurável é na minha opinião muito mais importante. Quando se lembra de uma pessoa querida que foi embora, passa-se um filme na cabeça. Os gestos, as piadas e os bons momentos não podem ser traduzidos em linguagem matemática, como também não podem ser comprados. Mas eles podem ser transmitidos. O imensurável é repassado de geração a geração, seguindo o caminho dos antepassados que nos deram a luz.

Em memória de Prof. Simone, pelos anos prestados a vida e a educação

Arthur Viggi

terça-feira, 20 de abril de 2010

Música Suja-We're an american band!


Após longos dias desaparecido, retorno com minha coluna após uma imersão subterrânea nos confins do infinito mundo cósmico do Rock and Roll. É com grande prazer que vos apresento (para quem não conhece) o Grand Funk Railroad! Uma das maiores proezas já existentes em todos os tempos de existência deste admirável mundo roqueiro.

Esta epopeia começa nos turbulentos e lisérgicos anos 60, em 1964 para sermos mais exatos! A patota de Mark Farner, guitarra e vocal; Don Brewer, bateria e vocal; Craig Frost, órgão e piano e Don Lester baixo elétrico, ensaiavam descomprometidamente no entitulado Jazzmaster.


Após algumas despretensiosas apresentações em clubes e escolas de Flint/Michingan, o conjunto têm um contato imediato com o Disc Jockey Terry Knight, quem abdusiria mais tarde o Jazzmasters para o novo projeto... Terry Knight & The Pack. Como vocalista Knight era um ótimo DJ e produtor.

Após um modesto contrato com o selo Cameo/parkway o conjunto fez memoráveis apresentações com boa repercussão em Detroit Rock City. Pela falta de intimidade de Knight com o trabalho vocal, o duo separa-se.

Cada qual segue sua trajetória até que Knight é novamente requisitado para salvar os integrantes do Pack da aavassaladora fome,aalém das contas que acumulavam na caixa de correio de Mark Farner e Don Brewer,os únicos "sobreviventes" dessa cruzada musical por Detroit. Com a reformulação do grupo, passando a atuar como trio após a entrada de Mel Schacher no contrabaixo.


O trio assina um contrato semestral com a Capitol Records sob o miraculoso nome GRAND FUNK RAILROAD, inspirada na estrada de ferro Grand Trunk Western, da cidade de Flint.Com a acuidade executiva de Terry Knight como empresário, o trio se firma no histórico e conturbado ano de 1969.

Desta forma o Grand Funk fez sua estréia oficial, em 4 de julho do mesmo ano, no Atlanta Pop Festival, tocando para 180 mil pessoas, de graça, de favor, mas se destacaram e culminaram por roubar o show de grupos participantes mais conhecidos. Da noite para o dia se tornaram os preferidos da nova geração, os campeões americanos do rock pesado da época.

(...)
Não percam o desfecho desta história na próxima terça-feira!

Confira no youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=lMsIrKjSM6Y

Carlos Carvalho

sábado, 17 de abril de 2010

Cultura Suja - A Personalização do Excesso

Slash é o tipo de cara que surpreende qualquer um, pelo fato de ainda estar vivo. De nacionalidade inglesa, se mudou para os Estados Unidos aos 11 anos de idade, onde começou a carreira musical e uma vida de excessos. Sua adolescência foi marcada principalmente pela primeira guitarra, pelos roubos e ainda por sua entrada no mundo das drogas.


Por sorte acabou conhecendo os integrantes do futuro "Guns N' Roses" na efervescente Los Angeles, e a partir daí o mundo teve a chance de conhecer seu talento. O estilo "blueseiro" e melódico de tocar, o volumoso cabelo encaracolado cobrindo o rosto, o cigarro no canto da boca e, é claro, a cartola com o cinto (que por sinal também foi roubada) são marcas que fizeram do guitarrista um ícone estético e musical.


A vida de Slash foi em boa parte problemática. O músico teve sérios problemas com drogas. Experimentou todo tipo de substância, desde a maconha até a heroína. O álcool veio concomitantemente. Segundo o próprio, ele teve o costume de beber no mínimo 2 litros de vodka por dia durante 10 anos. O resultado disso foi um inchaço no coração que quase o matou.


Musicalmente, foi muito bem sucedido. Além do trabalho com o Guns, fez várias parcerias, entre elas com Michael Jackson e Lenny Kravitz. Paralelamente ao Guns montou a banda "Slash's Snakepit", hard rock legítimo e de qualidade, porém pouco divulgado. Depois da ruptura do Guns criou o "Velvet Revolver", banda composta por ex-gunners e o vocalista Scott Weiland, na época ex-Stone Temple Pilot. Há algumas semanas atrás lançou um album de parcerias homônimo, que reúne Fergie, Ozzy Osbourne, Chris Cornell e outros artistas.



Slash segue a vida limpo e ativo. Há alguns anos finalmente conseguiu largar as drogas, apenas mantendo o "Marlboro" no canto da boca. Você pode conferir esses e muitos outros detalhes sobre sua vida na sua autobiografia homônima. O livro é uma grande lição de vida, que deve ser lida e relida para que você consiga memorizar a enorme quantidade de loucuras presente nela. O próprio Slash condena seus excessos: "Não aconselho ninguém a fazer o que eu fiz, até porque fui esperto o suficiente para estar vivo agora". Vamos nos lembrar disso.

Arthur Viggi





quinta-feira, 15 de abril de 2010

Conto Sujos - Arma - Parte 3


Se você não está acompanhando este conto, as duas primeiras partes estão logo aqui em baixo. Se está, manda bala na última!

Lynn chegou ao apartamento pouco depois das sete da noite. Todas as janelas estavam fechadas. Tudo completamente fora do lugar. Assustou-se, pensou em recuar. Mas pensou: como alguém poderia ter entrado ali, se a porta estava trancada?

Resolveu continuar. Passou antes na cozinha, pulando entre lençóis e objetos jogados ao chão. Um cigarro ainda queimava no cinzeiro da sala.

A fumaça se espalhava. Um forte cheiro de cinza dominava o ambiente. Na cozinha, procurou uma faca. Tinha uma das grandes. Foi ela que escolheu. Segurou-a firme. Aquilo não foi suficiente para espantar o medo que sentia. Sua voz saiu abafada, mas perceptível:

-Sony? Sony, você está aqui?

Nenhuma resposta. Deu passos calculados empunhando a faca. Passou novamente pelo cigarro que terminava de queimar. Foi caminhando até o quarto. A porta estava aberta, porém enconstada, mas nenhum som parecia vir de dentro. Cruzou o portal. A cama estava desarrumada.

Deu mais um passo e caiu. Algo atingiu Lynn pelas costas. Não foi um impacto. Alguém parecia ter jogado seu peso sobre ela, derrubando-a na cama. A faca caiu do outro lado do quarto. Estava dominada. Uma voz susurrou em seu
ouvido:

- oi meu amor...

Era Sony. Estava por cima. Enfiou a mão por dentro da saia e puxou a calçinha de Lynn. Ela estava presa por um elástico a meia. Rasgou-o com violência. Depois, pegou um objeto gelado e passou por dentro da roupa da mulher. Ela teve um espasmo. Um misto de medo e tesão:

-o que você vai fazer Sony, o que é isso?
-já vou te mostrar o que eu vou fazer – disse com a voz trêmula

Sony pegou o objeto e o arrastou pelas costas da mulher. Levou-o até a boca da mulher. Era um revólver. Forçou a entrada do cano gelado na boca de Lynn. Ela entrou em pânico:

-não me mate Sony, por favor, não me mate... – algumas lágrimas escorriam pelo rosto
-não clame por piedade. Você não tem direito.. a voz agora era firme.

Sony abriu sua calça. Seu pênis estava duro. Levantou a saia da mulher e o introduziu com força. O movimento foi rápido. Indo e vindo. Lynn parecia estar sendo tomada pelo tesão, esquecendo-se que o que estava em sua boca era um revólver. Chupava-o.

Como num engano, Sony deixou que seu pênis escorregasse para o ânus da mulher. Ela deu um grito agudo. Tentou em vão resistir. Rebolou. Rebolou. Deixou-se ser possuída. Gemia. Era a hora. Perto de gozar, Sony soltou um berro forte. No momento final, apertou o gatilho. Os dois pararam. Houve silêncio. Gemidos.

Não havia bala na arma. Apenas o estalar do calibre rompeu o silêncio. Lynn olhou para Sony, com um sorriso malicioso, no alto de seu orgasmo, e disse:

-eu te amo Sony...

Sony fingiu não escutar. Mas lembrou-se que, caso precisasse, tinha algumas balas guardadas.

Conto Sujos - Arma - Parte 2


Se você não está acompanhando este conto, a primeira parte está logo aqui em baixo. se está, manda bala na segunda!

Enquanto acendia um novo cigarro, um carro enconstou na calçada. A porta se abriu. De dentro, um homem bem vestido saiu do modelo. Era o oposto de Sony. O homem parecia ter dinheiro, pose e status. Passou a mão pela cintura de Lynn, abraçando-a. Um beijo leve tocou os lábios da mulher.

O tesão que Sony sentia foi rapidamente substituído pela fúria. Sentiu vontade de atravessar a calçada e quebrar o sujeito. Bater em lynn. Já não sabia mais o que fazer.

Sua mente tornou-se um turbilhão de pensamentos. Agora que tinha visto o que se passava, preferia continuar com a dúvida. Ou queria nada saber. Estava completamente confuso. Saiu do bar, acertou as cervejas, comprou mais dois pacotes de cigarros e caminhou, sem saber para onde ir, pelas ruas da cidade.

Sem perceber, já estava de frente para o apartamento. Subiu a escada enquanto tragava um cigarro. Entrou. Logo ao lado da porta, pegou seu velho taco de beiseball e golpeou portas e janelas com violência. Revirou tudo o que podia ser revirado em busca provas. Sentou-se, com as duas mãos segurando sua cabeça. Chorou, como uma criança.

Enquanto tentava esquecer a cena, abriu uma cerveja. Mais uma. Tinha comprado muitas para a ocasião. Sabia que iria precisar. Pensou no que fazer. Acendeu outro cigarro. Lynn só chegaria em casa dentro de 6 horas. Tinha muito tempo para poder trabalhar seu ódio, e pensar em algo.

continua...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Contos Sujos-Arma-Parte 1


A escuridão tomava todo o apartamento. Sony havia ficado boa parte do dia com todas as janelas e cortinas fechadas. O ar estava pesado. Denso. Um cinzeiro acumulava cigarros que foram tragados durante todo o dia. Havia uma pilha deles. O restante do flat estava completamente desarrumado.

Parecia que alguém tinha entrado ali e procurado algo. Roupas cobriam todo o chão. Móveis estavam fora do lugar. Gavetas reviradas. Móveis arrastados. Tudo completamente desfigurado.

Na sala, Sony continuava acendendo cigarros. Tragava lentamente. Calculadamente, espalhava mais fumaça por tudo. Só de cueca, tentando encontrar uma posição confortável em cima da sofá, continuava seu ritual.

Poucas horas antes, suas suspeitas haviam sido confirmadas. Pouco depois que Lynn, sua namorada, saiu do apartamento pela manhã, Sony vestiu e a seguiu. Sem que ela percebesse, caminhou pelas ruas de Big City atrás dela.

Durante o caminho, Lynn parou duas vezes. A primeira para comprar um copo de café, em uma cafeteria na avenida central de BC. A segunda para acender um cigarro. Não houve diálogo. O estranho acendeu o cigarro e caminhou em sentido contrário ao da mulher, que foi direto para o escritório.

Por um momento, Sony se permitiu enganar. Condenou tudo aquilo. Claro, não era certo fazer o que estava fazendo, apesar de tudo.

Voltou a si, depois que acendeu o primeiro cigarro do dia. Tinha que terminar o que havia começado, seja qual fosse o desfecho.

Havia planejado tudo. Durante a manhã, ficaria bebendo no bar emfrente ao escritório. Foi o que fez. Sentou-se em uma mesa, longe dos olhares de quem passava pela rua. Dali, poderia ver quem entrava e quem saía do lugar. Enquanto mais cervejas eram servidas, Sony continuava acendendo um cigarro após o outro.

continua...

Culto e Grosso-Trabalhando com referências-Post 2




Expelindo Gases
O arroto da qualidade vem sempre acompanhado de uma cara feia ou do desdém. Você gosta de Avatar? Não é possível! Você não viu o último filme grego produzido pelo filho daquele russo famoso? Nossa! Como assim, você não tem o novo do Radiohead (é assim mesmo? Tenho o direito de não saber, ok?).

Enfim, exemplos são muitos. E tudo piora se você diz que o rock setentista é bom. Ou que filmes nacionais são ótimos. Que algo que é consumível pela massa é do cacete. Com nariz torcido, e orgulho ferido, alguém passa a lhe considerar obtuso.

O que questiono é: você não pode ter mais o direito de não gostar? Ou de não querer conhecer uma coisa em detrimento de outras, só por que alguém que se julga acima da massa por gostar de algo que ninguém gosta, tenta ditar o que é bom ou ruim?

E a partir disso, das suas escolhas, classificá-lo como uma pessoa melhor ou pior? Pode crer que a coisa é mais em baixo.


Referências
Este texto é opinitativo, por isso a resposta para isso tudo é uma só: isso é rola. A necesssidade de classificar faz parte da zona de conforto que o homem cria para si. Esteriotipando fica fácil. Referência boa, ou ruim é coisa que patrão dá para empregado.

Não se deixe levar por estes falsos líderes de opinião, que tentam impor suas regras ao jogo. Conhecimento e sabedoria, apesar de diferentes possuem algo em comum: não podem ser hierarquizados. Foi-se o tempo em que cultura erudita era coisa de barão, e por assim ser, era melhor. Hoje você busca na rede e encontra. Tá tudo free meu amigo.

Isso, se você quiser. E tem muita gente pagando de cool que no fim das contas dança o rebolation e faz carinha feia na mesa do bar.

E antes de tudo, conheça. Experimente. Esse alguém mostrar o biquinho para você por que no seu diskman tem um cd do Calipso, aumente o som. Ele também não é obrigado a gostar do que toca no SEU aparelho.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Culto e Grosso-Trabalhando com referências-Post 1


Vamos combinar que se você não gosta de ter seu “refinado” gosto questionado, você não precisa continuar lendo este artigo. Mas se ainda sim quer prosseguir, ao final, fique a vontade para destilar sua fúria em forma de comentário. Este post será dividido em dois. O Próximo vem durante a madrugada.

Last FM
Um grande banco de dados. Um sistema de busca. Um ponto inicial em conexão com uma rede vasta e diversa. Se você não conhece a Last Fm, aproveita e dá um pulo lá para conhecer. A LastFm é um grande buscador de músicas e artistas. Funciona assim: você coloca um nome de banda ou uma canção no buscador.

Ele indica alguns pontos iniciais, onde você decide por qual deles começar. A partir da aí o site segue projetando ligações para artistas que se assemelham a sua primeira escolha.

O porque de utilizar este shuffle e não escolher um artista? É a possibilidade de sair do seu “mundinho”, da zona de conforto que nossa pasta de música nos oferece. A cada nova faixa você pode se surpreender positiva ou negativamente.

Acesse: www.lastfm.com.br



Mas o interessante é poder agregar um número maior de referências para nosso disco rígido (leia-se cérebro).

Roda de Violão
Imagine agora você, sentado com seus coleguinhas da escola, tomando um toddynho ou uma cerveja mais ou menos gelada na mesa do bar. Seu amigo que é muito cult, fala sobre um novo grupo irlandês de música eletrônica. Sua amiga responde falando que bom mesmo é a banda mexicana de música colonial.

O garçon faz cara feia, mas entra no assunto e fala que o novo CD do Exaltasamba (?) é ótimo. Aquela mina que você sempre quis pegar rebate dizendo que o lance é um tecno que toca na boate que você nunca foi, por que você nunca tem bala na agulha.


Veja. Até agora uma grande LastFM. Troca de referências, conexões, ligações estabelecidas. O porém, é que invariavelmente, as pessoas se sentem violadas quando seus mundinhos são sumariamente invadidos por aqueles que possuem um gosto não tão “refinado”. Encaram a coisa como pessoal.

Em linhas gerais, normalmente o confronto popular/popularesco vs cool/cult não se pauta pela qualidade. O apelo é sempre focado no consumidor. Quem opta pelo popular, ou é burro ou é desaculturado. Quem vai pela cult está antenado e ligado no que há de melhor. É uma análise boçal e simples, mas no mínimo real.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Culto e Grosso-Manifesto da Surr-Sub-Urgência Literária.



Escreva como quem cospe para cima, olhando os respingos cairem nos transeuntes, e levando o que restar na própria cara, transmutado em ouro.

Escreva como quem come uma buceta e propositalmente deixa o pau escapulir para o cu da moça.

Escreva como quem dança no centro uma canção mexicana vestido de africano, e falando em dialeto tupi-guaraná.

Escreva como quem anda rebolando uma bunda que não é sua, vomitando um pensamento que não é seu, chorando um amor que não te deu.

Escreva como quem come lentilhas no café da manhã, panquecas no almoço, e uma leve salada de pólvora no jantar.

Escreva como quem olha através do próprio umbigo, pois assim durante os saltos no trampolim da vida fica mais fácil de olhar por baixo da saia das garotas virgens.

Escreva como quem desistiu de escrever, e só quer aproveitar a água de coco e as sobras frescas.

Escreva como quem esqueça...

Esqueça! Foda-se sozinha, realidade. Renego-te! Prefiro transar com a outra, a vida, e a gozar.

E depois do ato, exijo o direito de escrever como quem escreve um conto erótico para um site vagabundo, para um leitor desatento achar as melhores partes e acabar de vez com a masturbação.

Escreva como quem descarta um lenço na pós-punheta.

Protesto textos descartáveis, só pela vida, pelo escrever, pelo expressar, a rebeldia no representar. Manifesto o texto que pulsa como a vida, e como a vida, sem créditos e pontuação, assim acaba

Publicado originalmente em http://nemcultnempop.blogspot.com/

Ismael 'Fly' Al. Schonhorst

sábado, 10 de abril de 2010

Cultura Suja - Paz, Amor e Um Pouco de Comércio

Vocês devem ter acompanhado na imprensa o anúncio de uma edição do lendário festival de Woodstock, que está para acontecer numa fazenda paulistana em outubro de 2010. Isso me lembrou imediatamente a exportação do ”Rock In Rio” para Portugal,o chamado “Rock In Rio Lisboa”. Um nome, no mínimo, controverso. Você não se entristece com a venda de uma marca nacional para um “país periférico de 1º mundo”? Eu sim. A história se repete, mas desta vez são os americanos que vão se amargurar.



Segundo a imprensa, o festival acontecerá na cidade de Itu, no interior paulista. Especula-se que poderão vir atrações como Pearl Jam, Bob Dylan, Foo Fighters, Linkin Park e Green Day, e que desta vez, ao invés de se pregar a paz e o sexo livre, será levantada a bandeira do ambientalismo. Somente por este fato o evento já não merece ser chamado de “Woodstock”. O festival, em sua forma original, foi um marco histórico da contracultura. Como alguém se atreve a criar um festival dentro de um novo contexto histórico, e com uma outra ideologia, usando um rótulo antigo?



O instinto “caça-níqueis” dos grandes empresários acaba com a originalidade dos festivais. Você pode constatar isso olhando a programação das antigas edições do “Rock In Rio” e comparando com a última. Vai notar o contraste forte dos ícones do rock e da MPB com o pop descartável liderado por bandas como “N’Sync”, “Five” e “Sandy e Junior”.



A suposta edição brasileira de “Woodstock” será musicalmente e ideologicamente bem interessante. São válidas as boas intenções ambientais, mas por mais que os empresários queiram colocar essa etiqueta no festival, nunca houve nem nunca haverá nada como o festival hippie americano. Pra mim o “Woodstock Brasil” pode ser metaforizado na seguinte situação hipotética: você chega numa padaria e pede uma Coca-Cola. Quando está bebendo, percebe que na verdade o líquido da garrafa não é Coca-Cola, e sim Toddy. A única coisa que resta de original é o canudinho. O canudinho é o Rock N’ Roll.

Arthur Viggi

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Conto Sujos - Conversas Paralelas


Conforme prometido, segue mais uma conversa paralela, a nova série dos Contos Sujos

A conversa acontecia na UTI de um hospital. Do lado de fora, uma enfermeira escutava tudo que se passava do lado de dentro:

-você vai aplicar a injeção nele?
-vou
-você não tem direito de fazer isso
-ele me pediu
-você não pode decidir quem deve ou não viver
-Deus abandonou o caso
-não diga uma blasfêmia dessas
-se seu corpo estivesse tomado pela doença e a dor lhe impedisse de dormir todas as noites, por mais que o cansaço o dominasse, pensaria diferente
-não sabe do que está falando. Está tomado pela loucura
-louco aqui está você que acredita ser neste mundo que esta alma encontrará a paz
-se continuar, serei obrigado a chamar a segurança
-não seria capaz. Sabe que estou certo
-não diga um absurdo
-o mesmo Deus que deu ao homem a sabedoria para pesquisar, deu também a ambição, a ganância e a hostilidade. Este, por demais já sofreu
-você não é, e nunca será Deus
-seu Deus já me abandonou faz tempo. E a este pobre coitado também. Deixe-nos em paz

A seringa com o líquido venenoso esvaziou. O coração parou de bater. O aparelho que mostrava os batimentos emitiu um chiado constante. Do lado de fora, a enfermeira gelou e pensou:

-Deus deu apenas a folha. Mas quem escreve é o homem.

Conto Sujos - Dignidade - Parte 3


Se você não está acompanhando este conto, as duas primeiras partes estão logo aqui em baixo. Se está, manda bala na última!

O trabalhou recomeçou. Zannack, posicionado na cabine acima das caldeiras observava tudo. Os peões continuavam a jogar a lenha na fogueira. Liddel fez um movimento leve com a cabeça e observou a cabine. O homem mantinha um olhar sério. Quando seus olhares se cruzaram, Liddel jogou sua pá no chão. Zannack percebeu e berrou no alto falante:

-Liddel, seu filho da puta, pegue essa pá e continue trabalhando!

O operário nem se moveu. Aquilo irritou o homem que continuou berrando:

-Liddel, vou descer aí e vou te jogar dentro da caldeira!
-veremos – a resposta saiu como um susurro, enquanto todos observavam a cena

Zannack desceu a escadaria em grande velocidade, olhando fixamente para Liddel. Os peões abriram um corredor para que ele chegasse até perto das caldeiras, ardendo em fogo. Os dois se encontraram na zona de calor extremo, praticamente dentro do fogo. O chacal gritou apontando para Zannack:

-o que é isso? Pegue essa pá e volte ao trabalho agora, antes que eu ponha você fora daqui!
-não pertenço a você...

Enquanto discutiram, Liddel movimentou-se, seguindo uma trajetória circular, como se fosse brigar. Zannack não percebeu, mas agora quem estava de costas para o fogo era ele. Sua fúria aumentou ainda mais:

-que conversa é essa. Você trabalha pra mim Liddel. É melhor começar a jogar esta lenha para dentro destas caldeiras agora, ou arrebento você!
-ok...

Liddel, abaixou-se e pegou a pá. Lentamente colocou-se pé. Ajeitou-se, e agora, moveu-se rapidamente. O movimento que a pá fez agitou o ar ao redor. O barulho chamou a atenção de todos aqueles que não prestavam atenção à cena. O barulho do impacto foi seco. Depois, apenas o barulho da lenha estalando no fogo foi possível de ser escutado.

Liddel havia acertado em cheio a cabeça de Zannack. O impacto fora tão forte que o homem caíra do lado do fogo, desacordado. O corpo não esboçava qualquer reação. Todos olhavam assustados. Os chacais não tinham reação. A pá, com gotas de sangue, mantinha-se presa a mão. O olhar era impiedoso. Não houve lamento. Liddel, com a voz firme, disse olhando para o corpo que agora era chamuscado pelas chamas:

-era um parasita. Parasitas vivem da vida dos outros.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Conto Sujos - Dignidade - Parte 2


Se você não está acompanhando este conto, a primeira parte está logo aqui em baixo. Se está, manda bala na segunda!

Houve constrangimento. Enquanto alguns amargavam mais uma dose cavalar de raiva, outros não sabiam o que fazer. Aquela era uma cena, que apesar de se repetir seguidas vezes, nunca poderia ser considerada como algo comum.

O alarme que marcava o horário de almoço tocou. Foi um alívio para todos. Aquela pausa não poderia vir em horário melhor. O clima que já não era dos melhores, apenas piorou.E de forma drástica.

O almoço normalmente era feito em silêncio. Não havia motivos para conversa. A comida era ruim. Pesada. Parecia ser preparada para que ninguém sentisse fome durante uma semana. O grande refeitório escuro e opressor não tinha qualquer tipo de atrativo para aquele momento.

Era inevitável não ver aquilo como um cocho, onde os animais eram colocados em regime de engorda. Desta vez, Liddel se sentou ao lado de Melvin. O que tinha a falar tinha que ser dito “em silêncio”. Sempre desconfiavam que em cada ponto da Usina estavam instaladas escutas.

Enquanto Melvin mastigava algo se parecia ser um pedaço de carne, Liddel falou:

-vi o que aconteceu lá em baixo. Por que você não reagiu?
-não tenho por que reagir. Não tenho para onde ir. Não posso perder meu emprego.
-nós temos perdido muito mais do que um emprego...

Liddel empurrou aquela porcaria goela a baixo, enquanto pensava em como reverter a situação. Sem perceber, o tempo do almoço se esgotara. Era hora de voltar para as caldeiras. Largou o prato em cima da mesa, com boa parte daquela coisa semelhante a comida.

A caminhada de volta foi feita em clima fúnebre. Liddel reparava nos rostos cansados daquela humilhação e desgastados de jovens que um dia tiveram algum tipo de sonho. E que agora, a todo tempo, eram lembrados que a porcaria do mundo funcionava com uma dinâmica diferente. Que a lógica era dos que tinham e dos que não tinham, dos que estavam no "topo" e dos que estavam na base. Se o primeiro passo não fosse dado, tudo continuaria da mesma forma. Sempre.

Continua...

Conto Sujos - Dignidade - Parte 1


Havia três anos que Liddel trabalhava duro nas caldeira da Usina de Carvão de Big City. O trabalho realmente não era fácil. As caldeiras eram alimentadas durante todo o dia e toda a noite. Em nenhuma hora do dia o serviço parava. O fogo tomava conta do setor, misturando-se a sujeira e a um pó que tomava conta do ar, tornando-o grosso, quase que não respirável.

A folga durante o almoço (que por vezes nem acontecia, por conta do volume de trabalho) era o único momento em que Liddel tinha tempo para pensar em algo, e para descansar do esforço descomunal a que estava sendo submetido. O trabalho era fiscalizado pelos “chacais”, os gerentes de setor, que ficavam posicionados em cabines climatizadas, acima das caldeiras.

Um sistema de som percorria todo o ambiente. Câmeras fiscalizavam a ação de cada um dos empregados. Se alguém parasse por algum segundo de alimentar as caldeiras, era imediatamente adivertido com algum insulto ou palavra de ordem. Quando a barra pesava para o lado dos chacais, a coisa piorava ainda mais naquele inferno para quem estava lá em baixo.

Por vezes, o pior dos chacais, um homem gordo e com aparêcnia desgastada pelo tempo, chamado de Zannack descia até as caldeiras para impor sua autoridade com insultos e intimidações. Liddel estava cansado daquilo. Sabia que não havia para onde correr. Em anos que estava ali, a equipe da usina sofria constantes baixas. Aquilo não era um lugar para fracos. Era necessário ter mais do que estômago para aguentar o quão mesquinhas aquelas pessoas eram.

A cada insulto, ou palavra dita carregada de ódio e desprezo, Liddel se segurava para não cair batendo naqueles sujeitos. O mesmo acontecia com os outros. E não foi fácil para Liddel se segurar na última vez que Zannack tinha descido até as caldeiras. Depois de insultar Melvin, um dos empregados da caldeira seguidas vezes, e aparentemente sem qualquer tipo de motivo, desceu até as cadeiras. Todos pararam para observar a cena.

O homem aproximou-se de Melvin destilando sua fúria aos berros:

-seu filho da puta, já gritei com você lá de cima 5 vezes! Já pedi com toda educação como eu peço para uma moçinha – gesticulava muito, apontando para o rosto de Melvim – olhe o tamanho do seu monte de lenha, e o dos outros! Acabe com isso, ou eu ponho você na rua!

Todos tinham seus montes de lenha. Cada um deveria dar conta de queimá-lo. O monte era claramente desproporcional ao trabalho. O de Melvin ainda estava um pouco acima dos demais. Porém, o cansaço tomava-lhe o corpo e a face. Não foi capaz de responder ao chacal. Apenas o olhou, com um olhar carregado de lealdade canina e continuou seu trabalho,jogando e jogando lenha para dentro do forno. Existia raiva ali. Por todos os lados.

continua...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Culto e Grosso-Palavras



Às vezes, existem palavras tão bonitas, palavras que passam por nossas bocas em um curto momento, e não paramos para notar, palavras que são carregadas de sentido. Escreva uma palavra em preto, numa folha branca de papel, e leve isso como um poema.

Olhe para ele, e então olhe para ele novamente. Observe a palavra pensativo, refletindo, porém não apenas refletindo. Pratique o ato de ficar em pacífica contemplação enquanto se estás meditando sobre algo.

Eu poderia fazer um livro de poemas com não mais do que uma palavra por página, e todo mundo que lesse ele teria que parar e pensar. Parar e pensar. As duas coisas que nunca fazemos o suficiente, as coisas coisa que carecemos, e estes carecimentos causam quase todos os nossos problemas.

Se nos fossemos capazes de parar por uma hora, e ponderar sobre os nossos problemas em todas as suas diferentes perspectivas, nós não teriamos necessidade de terapeutas, de Tarot, ou de qualquer outra coisa, porém as pessoas não se dão este tempo.

Pessoas esquecem de viver, elas apenas vão dos seus trabalhos para as suas casas a noite, olham para as suas famílias com os mesmos olhos cansados que estão em suas faces amargadas e cansadas pelo passar dos anos. E eles não vivem, eles são fantoches do cotidiano.

Por isso pare e pense e ame e viva a vida em sua completude. A próxima vez que você olhar para alguma coisa, não apenas olhe, mas veja. Em todas as suas complexidades, e simplicidades, e perfeições, perfeição de vida, morte, bom, e mal.

Todas as coisas são bonitas ao seu modo. Só não deixe outra palavra passar entre a sua boca sem parar e pensar um pouco.

Ismael 'Fly' Al. Schonhorst

sábado, 3 de abril de 2010

Cultura Suja - O Boêmio da Rapsódia

Quando se fala em belas vozes não se pode deixar de citar Freddie Mercury. Esse africano descendente de indianos se consagrou como um dos maiores vocalistas e performers da historia da música. Junto com o grupo Queen construiu verdadeiros hinos do rock, combinando virtuosismo, sentimento, música clássica e elementos do pop e do heavy metal. A química entre os membros da banda resultou em vários clássicos, alternando entre os solos poéticos de Brian May e os pianos de Freddie.

A postura de Mercury nos palcos era ao mesmo tempo bizarra e impressionante. O cantor tinha uma conexão incrível com o público. Deliciava-se com a euforia da platéia, demonstrando total segurança na relação com os fãs. O Queen nunca encarou a música como forma única de entretenimento, por isso se utilizava também dos recursos visuais e da atitude de palco de Freddie. A música “We Will Rock You” era um hit obrigatório nos shows, e é o melhor exemplo da interação entre banda e público.



Outros hits que devem ser citados são “Bohemian Rhapsody”, ópera-rock extremamente comovente, que começa com Freddie no piano e termina com a fúria de Brian May na guitarra, flertando com a levada punk dos anos 70; “Love of My Life”, balada composta por Mercury em homenagem a sua musa; “Under Pressure”; música feita em parceria com David Bowie; “I Want To Break Free”, clássico irreverente do Hard Rock e “We Are The Champions”, hino dos torneios esportivos, com certeza você já ouviu.



Freddie Mercury, que era de orientação bissexual, contraiu AIDS e faleceu no dia 25 de novembro de 1992. Deixou milhares de fãs, uma fortuna considerável e uma voz que ecoa até hoje. Antes de morrer conseguiu realizar o maior sonho, que foi cantar ao lado de Montserrat Caballé. “Bohemian Rhapsody” acabou assumindo uma conotação apocalíptica, principalmente nos seguintes versos: “Tarde demais, chegou minha hora/Sinto arrepios em minha espinha/Meu corpo está doendo a toda hora/Adeus a todos, agora tenho que partir”.

Arthur Viggi




quinta-feira, 1 de abril de 2010

Contos Sujos - Melodia - Parte 3


Se você não está acompanhando este conto, as duas primeiras partes estão logo aqui em baixo. Se está, manda bala na última!

Já trôpego, pegou seu copo vazio e levou ao balcão. Pediu ao garçon que preparasse mais um, e deixasse ao lado do banco no palco. Enquanto fez o pedido, tirou um saquinho do bolso. Nele havia algum tipo de pó. Entregou ao homem e disse:

-quando preparar meu drink, coloque isto por favor...
-não permitimos drogas aqui... – rebateu o sujeito
-isto não é droga. Coloque por favor.

O garçom olhou desconfiado, mas aceitou o pedido. Lancy correu até o palco sacou o violão e começou sua apresentação. Acordes rápidos davam o tom do folk. Sua voz saiu rouca, mas aos poucos foi ganhando força. A canção saiu assim:

Me deparo com pessoas que nada querem
Que me sublimam, me transformam em nada mais que nada
Que me olham cinicamente, e mentem

Que fecham as portas, para falarem baixinho
Coisas que nem seus pais, nem meus pais imaginam
É pura bobagem

Quem te dão um abraço com mãos forradas de espinhos
Beijos carinhosos de um veneno doce e infantil
E que eu aceito rindo

Que pisam em você, como pisam em um animal
Que comem sua pele como comem a refeição
Paga com meu sangue

Que dizem que de desejam, mas não ficam ao seu lado
Que te querem, mas “cospem” no seu carinho
Mas é assim

A canção acabou aqui
A melodia não tem ritmo
Os versos doem em meu ouvidos
Cala-te, fecha tua boca


A intepretação foi feita com calor. Enquanto dedilhava os últimos acordes, Lancy pegou o copo colocado pelo garçom ao seu lado, e bebeu. Bebeu toda a dose. As últimas notas saíram mascadas.

A melodia foi ficando lenta, ao mesmo tempo que o público com mais atenção acompanhava. A última palavra que saiu de sua boca foi impossível de ser entendida. Lancy moveu-se para frente.

O violão bateu antes no chão do palco. Sua cabeça atingiu o instrumento com violência. A respiração fraquejou. A melodia realmente havia acabado. E não era droga. Era uma passagem. Lancy não queria mais. Não aguentava mais. Era o Gran Finale. Caiu duro no palco, já se qualquer respiração.

Conto Sujos - Melodias - Parte 2


Se você não está acompanhando este conto a primeira parte está logo aqui em baixo. Se está, manda bala na segunda!

Quando Lancy entrou no Acústic carregando seu violão, uma fila já se formava. O lugar estava realmente cheio. Todo tipo de pessoa. Não teve dúvidas que era ali que devia ir. Tinha algo a apresentar hoje. Um grande show. Foi até a fila, e conversou com o sujeito que organizava tudo.

-gostaria de me apresentar hoje. – disse vacilante
-claro, coloque seu nome aqui.

Lancy assinou a lista, e colocou uma breve descrição de seu número: uma apresentação de violão e voz de folk com “Gran Finale”. O homem estranhou, mas estava acostumado a todo tipo de bizarrice. Disse apenas o necessário para Lancy:

-você se apresenta depois do Ludy Boy. Será por volta das duas da manhã...
-ok. Por favor, traga pra mim uma cowboy duplo do melhor da casa...

Lancy disse, enquanto olhava a lista das apresentações.

Sentou-se em uma mesa vazia, no fundo da casa. Uma a uma as apresentações foram acontecendo. Lara, uma linda estudante de poesia contemporânea recitou alguns versos.
Eddie Bucker, leu alguns trechos da obra de Bukowski enquanto derrubava uma garrafa de conhaque da pior qualidade.

Marchal e Megan dançaram músicas tradicionais, mas de forma bizarra. Louie Begazza materializou a tristeza de Hemingway, mesmo que poucos tenham conseguido entender. Equanto isso, Lancy partia para a sua décima dose de whisky. Era a vez de Ludy Boy.

O garoto subiu no palco sem olhar para a platéia. Apenas de roupão, uma luz concentrou-se no meio do palco. Ele sentou-se em uma cadeira, curvando-se. Lentamente levantou, enquanto uma música dava o tom da apresentação. Suspense. Em um rápido movimento, ele abriu o roupão.

A luz iluminou seu corpo. Feridas tomavam-lhe a pele. Seu corpo estava nu. Magro. Alguma doença grave estava em trânsito. A casa sem reação. Todos parados. Sangue escorreu. Ou algo misturado ao sangue. Era o retrato da decadência humana. A forma reduzida do indivíduo. A casa dividiu-se em aplausos e silêncio.Agora era a vez de Lancy. Byron o anunciou:

-agora, um número de voz e violão. Ele está se juntando a nós hoje. Vamos Lancy...

conheça mais sobre Byron Bilbane
Continua...

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